28 março 2008

Algumas coisas boas

Quando se vai para outro país pensamos sempre nas grandes mudanças, mas existem pequenos detalhes que fazem a diferença e aqui eu finalmente consegui "vivenciar" estes detalhes.

Em primeiro lugar, qualquer pessoa pode processar ou ser processada. Isso pode ser bom ou ruim e é por isso que a maioria procura andar na linha. Esse país deve ser o paraíso dos advogados!

Nós seguimos regras, aliás, tem regra pra tudo! Outro dia vi um código de conduta para frequentar a piscina pública e não tinha nada a ver com coisas do tipo "não entre na água usando óleo bronzeador".

Ninguém fica te "encoxando" no transporte público senão você pode processá-lo por assédio. Já pensou se isso fosse válido no Brasil?

Se seu horário de trabalho é das 9 às 16h30 ninguém vai olhar feio porque você está saindo às 16h31. No Brasil você tem que fazer hora extra sem ganhar um tostão senão seu chefe acha que você está "desmotivado". Hora extra também serve para ser promovido. Se você trabalhar só 8 horas por dia pode esquecer!

Mesmo que o motorista esteja morrendo de pressa e xingando sua mãe enquanto você atravessa a rua no sinal vermelho, ele terá que esperar porque se ele te machucar poderá ser processado.

Ninguém fica gritando "gostosa" pra você na rua ou quando você passa em frente a uma construção.

Em muitas lojas você pode devolver o produto que comprou e receber seu dinheiro de volta sem dar maiores explicações. No Brasil eu NUNCA consegui devolver um produto ou receber o dinheiro de volta. Alguém aí já comprou aquelas coisas anunciadas na TV que garantem seu dinheiro de volta em até 30 dias se você não ficar satisfeito?

A maioria dos cachorros frequenta uma escolinha de adestramento enquanto filhotes. A-ha! Então é por isso que eles são tão educadinhos. Os meus continuam uns monstros me fazendo passar vergonha na rua.

Em diversas épocas do ano tem várias liquidações e vira e mexe você compra alguma coisa e ganha um cupom de desconto.
Toda sexta chega um jornalzinho (gratuito) aqui no prédio com as promoções da semana em lojas, supermercados, farmácias, etc. É só ler e aproveitar as ofertas!

25 março 2008

Contrate um Imigrante

O Governo Federal Canadense enfrenta um dilema para diminuir a quantidade de processos de imigração na fila de espera que hoje conta com 800 mil pedidos.

Diane Finley, Ministra de Imigração nega a possibilidade de se limitar o número de aplicações por ano, dizendo que este número já é limitado devido à quantidade de pessoas para analisar todos os pedidos.
Ela se negou a comentar se o governo realmente dará prioridade aos processos para economic class, que incluem skilled workers (nós), empreendedores e investidores, em detrimento dos processos de reunião familiar que constituem 30% dos 250 mil new comers que chegam ao Canadá todos os anos.

O propósito das mudanças nas regras para o processo de imigração é eliminar este backlog de 800 mil pedidos em espera. Segundo Finley, "Nosso objetivo é trazer um número maior de imigrantes de forma mais rápida".

O Consulado Canadense do Brasil em São Paulo também enfrenta este problema devido ao aumento de pedidos além do previsto, o que de certa forma motivou a criação do processo simplificado, que a meu ver está sendo bem mais demorado que o antigo federal.

A Tv está passando uma propaganda cujo slogan é "Do yourself a favor. Hire a skilled immigrant"; e no site são explicadas as razões porque contratar um imigrante:
  • The Canadian-born force is shrinking and the demand for labour is growing
  • Skilled immigrants can help Canadian companies do business with the world
  • Skilled immigrants bring international expertise
  • The local market is changing
Os motivos pelos quais os empresários continuam resistentes incluem:
  • Some are systemic
  • Some are deep-roated in habit
  • Some are accidental, very few are intentional. However, they exist, and while employers often see aspects of hiring immigrants as being challenges, they can also be seen as opportunities.
Como eu disse em alguns posts, o governo abre as portas para imigrantes qualificados, mas os empregadores abrem apenas uma janela. Ainda existe muita resistência em se contratar pessoas sem "experiência de trabalho canadense", mas espero que essa mentalidade mude rapidamente.

24 março 2008

Cadê a Primavera?

Por incrível que pareça hoje as ruas amanheceram branquinhas de neve. Acho que este inverno já está fazendo hora extra!

Outlet - Orfus Road

No sábado decidimos ir até um outlet na Orfus Road x Dufferin Street.
Se você atravessar o shopping Yorkdale e sair pela Sears já estará na Dufferin. A Orfus Road fica a uns 2 quarteirões dali.

O esquema é meio Brás com lojas tocando música a todo volume, vendedores gritando tentando chamar a atenção dos clientes e muita, muita fila.

Como a rua é comprida e eu me canso logo, só conhecemos um pedaço e deu para perceber que tem que garimpar bastante para conseguir achar promoções exageradamente boas.

Entrei em uma loja que estava fazendo promoção de 4 calças sociais por $10! E lá fui eu toda feliz pegar as calças mas havia me esquecido de olhar o tamanho da fila no provador.
Fiquei com cara de criança que teve o doce roubado e fui embora. Me recuso a passar horas numa fila e depois constatar que as roupas que peguei não me serviram ou não ficaram boas e aí começa tudo de novo.

Tem muito calçado barato também, mas como disse, tem que procurar bastante porque modelitos para gosto para lá de duvidoso é o que não falta.

Vejam nas fotos abaixo algumas alguns dos sapatos "lindos", e olha que ainda tem muita coisa pior lá na loja!

O próximo outlet que queremos visitar é o Dixie Outlet Mall, em Mississauga, que tem roupas de marca sem preço de shopping e o melhor de tudo é que dá para ir de Go Train!








22 março 2008

Milton

Aproveitamos que sexta-feira foi feriado e fizemos uma visitinha à Mirela em Milton, pacata cidadezinha que fica a 40 km de Toronto.

Estivemos em Milton pela primeira vez em agosto do ano passado, quando fomos visitar a Ana Celia, mas ainda não tínhamos conhecido a cidade, que nos foi gentilmente apresentada pelo Mauro num "tour gratuito".

Tem cara de cidade de interior mas está crescendo rapidamente e isto pode ser percebido através da enorme quantidade de casas que estão sendo construídas.
Não entendo patavinas de mercado imobiliário, mas acredito que aquela seja uma área promissora e que em 5 ou 10 anos os imóveis estarão bem mais valorizados.

Para chegar até lá usamos o Go Transit. Pegamos um ônibus na Union Station e em 1 hora estávamos na estação de Milton. Eu queria mesmo é ter ido de trem mas ele só funciona durante os dias úteis em determinados horários.

Conhecemos a mais nova integrante da família, a Marina, que é muito fofa e um anjo de criatura; ficou quietinha o tempo todo.

Para quem conhece a Mirela, sabe que quando estamos com ela a hora voa e papo vai, papo vem, acabamos perdendo a noção da hora e a volta a Toronto foi uma aventura.

Achamos que teria um ônibus às 9 da noite, mas este passou direto e só conseguimos embarcar às 9h30. Nada demais se o local não fosse um deserto a céu aberto com temperatura negativa e um ventinho pra lá de gelado.
A viagem que demorou 1 hora na ida ganhou mais meia hora na volta e só chegamos à Union Station lá pelas 11 da noite.
A parte boa da volta foi que passamos pelo centro de Mississauga, e como o próprio Mauro falou, a cidade é bem parecida com Toronto, cheia de prédios e comércio. Grande parte dos empregos na área de informática estão por lá.

Termino o post agradecendo à Família 4M pela adorável tarde que passamos dando muita risada e contando "causo". Agora esperamos vocês aqui em Toronto!

Clique no link para saber mais sobre:

Milton

Mississauga

20 março 2008

LINC - Language Instruction for New Comers to Canada

Language Instruction for New Comers to Canada é o famoso "curso de Inglês" (ou Francês) que imigrantes com pouco ou nenhum domínio do idioma podem fazer ao chegar por aqui.

São elegíveis para o programa: permanentes ou landed immigrants e convention refugees.

É necessário ir a um Assessment Centre para se inscrever e ser encaminhado ao nível que você se encaixa. Para isso é feito um teste pelo YMCA LINC Assessment Centre.

Existem vários horários de aulas, sejam elas em dias de semana, à noite ou aos sábados, meio período ou período integral de acordo com sua necessidade/disponibilidade.

Algumas universidades e community colleges também eferecem o curso, basta você se informar diretamente com elas e perguntar sobre a taxa a ser paga, caso seja aplicada.

Alguns Centros dispõem de creches gratuitas para filhos de alunos durante a duração do curso.

O curso é destinado a todos os membros da família e não somente àqueles que estão em busca de emprego.

Para mais informações ligue 1 888 242-2100.

17 março 2008

Onde morar?

Umas das coisas difíceis ao se chegar aqui é escolher um bairro para morar. Como ficamos hospedados em downtown começamos a procurar por lá mesmo. Tirando a loucura que é a Yonge Street, as ruas perpendiculares a ela são calmas e arborizadas; às vezes chegam a ser até meio bucólicas.

O valor dos aluguéis lá é parecido com o valor aqui de North York (caro), com a diferença de que lá é mais concorrido.
Conseguimos encontrar 2 apartamentos disponíveis para entrada imediata (do primeiro não gostamos e o outro não nos aceitou); os demais só seriam desocupados em outubro (nós chegamos em julho).

O estado de conservação varia muito. Entramos em um que ficava em um prédio razoável, mas o apartamento fedia, era muuuuito velho e o corredor do andar fedia mais ainda.
Aqui os corredores costumam ser acarpetados por causa do frio. Imagina como fica esse carpete no final do inverno com tanta gente trazendo neve e lama pra lá e pra cá.

Geralmente as pessoas escolhem o local para morar onde são aceitas ou por referência de um amigo. Nós ficamos com este porque era o único e primeiro apartamento que vagaria dia 01 de setembro, todos os demais só depois de outubro. Além do nosso tempo de espera ser menor já havíamos recebido indicação de amigos de que aqui era um bom lugar para se morar:

Ficamos a 20 minutos de dowtown se pegarmos o subway;

Temos acesso a 2 estações de metrô pelo subterrâneo, ou seja, da garagem do prédio conseguimos chegar ao Centre for the Arts, Douglas Acquatic Centre, Citty Hall, North York Centre, North York Centre Subway Station, Empress Walk Centre, que possui cinema, supermercado, uns 2 ou 3 restaurantes e um fast-food, entre outros;

Atravessando a rua e pegando um túnel chegamos ao Sheppard Centre, que também possui restaurantes, uma praça de alimentação com trash food, cinema e várias lojinhas. De lá também é posível acessar a Sheppard Subway Station, e se você atravessá-la por baixo conseguirá chegar a outro supermercado, mais lojas e 2 empresas multinacionais.

Como chegamos aqui no verão não dávamos muita importância para esses acessos subterrâneos, mas quando a coisa ficou feia com temperaturas baixas e um vento congelante mudamos de idéia. Mas apesar de todas essas facilidades não temos certeza se ficaremos por aqui. O metro quadrado é um dos mais caros de Toronto.

As referências geográficas são dadas de acordo com os principais cruzamentos da cidade (Yonge x Bloor, por exemplo) talvez porque as ruas sejam muito extensas, então quando você for procurar um local para morar é este tipo de referência que vai encontrar nos anúncios (clique na imagem para ampliá-la):



Não posso opiniar sobre onde é melhor para morar porque explorar Toronto é um dos planos para esta primavera/verão.

O melhor que você tem a fazer é dar uma olhada nos sites de imóveis, selecionar a faixa de preço que deseja pagar e se informar sobre a localização.
Estes são alguns dos sites nos quais você pode pesquisar:

viewit.ca
rentersnews
craigslist
actualhomes
101 Apartments
247 Apartments
GSC Rentals
Rent

Sugiro que você faça o download do Newcomers'Guide to Canadian Housing, que vai te explicar direitinho como fazer para alugar um imóvel e que tipos estão disponíveis.

13 março 2008

Valeu a pena?

"Tudo vale a pena se alma não é pequena", já dizia o poeta.

Quantas vezes já te perguntaram se valeu a pena ter imigrado?

Sou questionada sobre isso o tempo todo, seja por pessoas que já estão aqui, ou por aquelas que ainda estão por vir ou ainda por aquelas que ficaram.

Depende, o que vale a pena pra você? O que é bom para uns não é para outros e cada pessoa vem com objetivos e sonhos diferentes. Alguns são bem sucedidos e outros nem tanto. Tudo depende do tamanho da sua expectativa e da sua "alma". Ela é grande o suficiente para aceitar todas essas mudanças, para aceitar o novo e o diferente?

Acho que a Mirella colocou muito bem algumas afirmações em seu post no qual ela responde a perguntas de leitores abolutamente "extasiados" com as reportagens passadas no Brasil criando uma falsa realidade canadense. Algumas pessoas simplesmente perdem o foco e tudo aquilo com o que sonhavam é substituído pela necessidade de se “dar bem” para provar às pessoas que ficaram no Brasil, que a decisão de ter vindo foi correta… (citando a Mirella).

E às vezes as pessoas se dão bem sim, mas decidem voltar e não há problema algum nisso. Procure o que é melhor para você, não tenha vergonha de voltar atrás.

Alguns planos são postergados e outros eliminados, mas no lugar surgem novos. Sua vida vira de ponta-cabeça, fica uma bagunça e o primeiro ano por aqui é para colocar as coisas em ordem.

Outra pergunta que recebo muito é: "Você me aconselharia a ir para o Canadá?" Minha resposta é "Não".

Eu adoro abobrinha mas o Pedro destesta. Se você perguntar a ele se abobrinha é bom ele vai dizer que não, mas se vier perguntar para mim eu vou dizer que é uma delícia.

Como dito anteriormente, os meus sonhos e objetivos são diferentes dos seus, assim como a forma de ver o mundo. A única coisa que posso passar para você é minha experiência, mas mesmo que você siga exatamente os meus passos a sua vida será diferente da minha simplesmente porque pessoas pensam, gostam e agem diferente (ainda bem!).

E respondendo à pergunta colocada no início...valeu a pena sim!

12 março 2008

Muita calma nessa hora...e nas demais também


Choque cultural: hoje aprendi uma lição.

Já estava cansada de ouvir falar que as pessoas aqui trabalham num ritmo muito lento mas até então não havia passado por isso porque no projeto em que estou já me deram prazos curtíssimos.

Pois bem, às 9h30 desta segunda-feira minha gerente russa me pede para atualizar um documento de 6 páginas e formatá-lo no novo layout. Antes do meio-dia meu trabalho já estava pronto, mas como me dizem para não ter pressa, enviei o documento por e-mail às 16h30 achando que eu tinha demorado demais.

Ela não deve ter visto o e-mail e hoje veio me perguntar sobre o documento que eu já havia colocado na intranet na própria segunda. Ela ficou espantadíssima e soltou um "Oh my God, you're so fast!". E eu fiquei com cara de tacho.

Depois minha colega de trabalho, que já é gato escaldado, disse que se eu continuar nesse ritmo a gente não vai ter mais trabalho e nosso contrato vai acabar antes do prazo. E eu pensando que tinha sido lerda o suficiente! Não; ela disse para eu nunca entregar um serviço no mesmo dia em que ele é solicitado porque aqui as coisas são assim.

Talvez por isso a taxa de desemprego seja baixa porque 3 pessoas fazem o trabalho que 1 sozinha conseguiria fazer.
No Brasil eu sempre trabalhei por 3 e quanto mais rápido entregasse o serviço mais satisfeitas ficavam as pessoas.

Talvez eu esteja "errada" em ser rápida porque em São Paulo é tudo assim. Já ouviram a expressão "jacaré parado vira mala"?

Como sou uma pessoa prática, dinâmica e precavida com prazos sempre procuro ter tudo pronto antes do previsto para evitar imprevisto, e isso vale para todos os apectos da minha vida. Sou impaciente e ansiosa? Sim, demais! Não suporto gente lerda, mas é gente lerda que move o mundo!

Quando ia para Curitiba quase enfartava com a demora nos serviços de restaurantes. Quando vou passar no caixa dos supermercados daqui tenho vontade de tomar o lugar da operadora e passar eu mesma as coisas porque a demora é absurda.

Não nasci em SP mas me considero paulistana e como tal, tenho pressa no trânsito, na fila do cinema e faço de tudo para não chegar atrasada aos compromissos. Estou sempre tentando otimizar meu tempo (da forma errada). Grande burrice!

Eu vim pra cá para ter uma qualidade de vida melhor, sair da loucura que é São Paulo, ter um ritmo de vida mais lento e saudável...mas eu me esqueci disso.
Para vocês terem idéia eu não consegui fazer aula de Yoga porque é lenta demais, não tive paciência!

Pois bem, é hora de mudar e esse processo será doloroso. Morrerei de tédio no trabalho mas quem sabe um dia eu aprenda a fazer tudo com calma, muuuuuuita calma. E pode ser que a partir desse dia eu nunca mais tenha gastrite ou úlcera novamente.

E como Zeca Pagodinho, minha vida daqui pra frente será como diz sua canção:

"É devagar
É devagar
É devagar, é devagar, é devagarinho..."

11 março 2008

O perfil do brasileiro

Pesquisa nova S/B: valores e atitudes dos brasileiros

De vez em quando me deparo com algumas coisas curisosas e esta é uma delas. Não resisti e decidi colocar aqui no blog:

A 6ª rodada da Pesquisa novaS/B-IBOPE é sobre os valores e comportamentos dos brasileiros. Foram entrevistadas 1,4 mil pessoas de todas as regiões do Brasil. A pesquisa revelou que individualmente, os brasileiros se consideram melhores que o conjunto da sociedade. Também revelou a face politicamente incorreta da população: 26% usaria tortura para obter informação de um suspeito, 33% se afastaria de amigos homossexuais, 21% se incomodam com casamentos inter-raciais, 24% furariam a fila se estivesse com pressa, 19% dirige após beber e 12% deixariam de ajudar um idoso em caso de pressa

Quando se fala em racismo, a pesquisa mostra que 21% de brasileiros que declararam se sentir incomodados com um casamento interacial de um familiar próximo. Novamente quase a totalidade dos entrevistados diz que tem bastante respeito e valorizando pessoas de raças diferentes da sua.

Um terço da população assume que mudaria de postura em relação a um(a) amigo(a), caso descobrisse que ele(a) é homossexual. Esse surpreendente realismo na previsão da reação pessoal frente à situação de convivência com homossexuais reflete-se também em uma baixa incongruência nesse tema, pois menos da metade (47%) dos que dizem que se sentiriam constrangidos na situação se consideram adeptos de uma atitude respeitosa e natural diante do homossexualismo.

Cerca de um quinto da população pesquisada, de 16 anos ou mais, assume beber e dirigir, sendo que 42% desses entrevistados consideram-se razoavelmente e outros 38% acham que são totalmente cuidadosos e responsáveis no consumo de álcool. E 80% deles respondem a pergunta abstrata de forma contraditória à sua própria reação numa situação concreta.

Cerca de seis em cada 10 brasileiros contratariam alguém de 30 anos ao invés de alguém de 60 anos, se ambos tivessem currículos e experiências profissionoais semelhantes. A grande maioria desses entrevistados (90%), porém, considera sua atitude pessoal bastante favorável (notas 6 a 10) ao respeito e valorização do idoso o cruzamento, portanto, revela a incongruência entre valor pessoal declarado e o comportamento individual previsto em uma situação concreta.

De cada quatro brasileiros, um assumidamente “dá jeitinho” de furar fila. Ao mesmo tempo, 82% desses furadores de fila declarados se consideram adeptos do respeito e da obediência a regras em locais públicos.

De cada 10 brasileiros, quatro acreditam que cortariam uma árvore que estivesse atrapalhando a construção da casa de seus sonhos. Desses quatro, três (84% deles) se descrevem como “ambientalistas”, ou seja, como alguém preocupado e esforçado em preservar o meio ambiente.

Acompanhando tendência já estudada mundialmente (“Third person effect”) os brasileiros se consideram bastante progressistas e sem preconceitos, ao mesmo tempo em que projetam para a população brasileira em geral uma atitude muito preconceituosa e conservadora. De acordo com o IBOPE, é impressionante ver tendências praticamente opostas nas respostas. Respeito e Valorização dos Idosos: 92% se auto-classificam positivamente (notas 6 a 10) enquanto 60% classificam “os brasileiros”negativamente (notas 1 a 5). Responsabilidade e Cuidado no Consumo de bebidas alcóolicas: 82% positivos sobre si mesmos e 64% negativos sobre “os brasileiros”. Respeito e Naturalidade com Homossexuais: 69% auto-imagem positiva e 54% avaliam de forma negativa o resto da população.

Aqui você pode saber mais detalhes e ver os gráficos da pesquisa.

10 março 2008

Quero ir pro Canadá

Tenho recebido inúmeros e-mails de pessoas perguntando como fazer para vir morar e/ou trabalhar no Canadá.

Em primeiro lugar quero deixar claro que aqui ninguém fica rico; não se iludam com reportagens exibidas na TV de que você encontrará emprego fácil e bem pago. Também não tente vir com visto de turismo ou estudos e depois ficar ilegalmente. As pessoas que conheço que vieram ilegalmente me dizem que o stress pelo qual passaram não vale a pena. Se para nós que viemos com toda a papelada em ordem as coisas já são difíceis, imagine para quem tem que ficar se escondendo pra não ser deportado?

De fato o governo canadense incentiva a imigração, abre as portas para que todos venham, mas o mesmo não acontece com as empresas e muita gente acaba esbarrando no dilema da falta de "experiência de trabalho canadense". Isto, aliado a um Inglês intermediário são fatos concretos para que você demore muito para conseguir se (re)colocar no mercado de trabalho.

Todos falam que se você for da área de informática terá emprego garantido por aqui. Cuidado! Se você não for altamente qualificado e não tiver uma boa experiência de trabalho não adianta nada.

Assim como no Brasil, a área de IT está em alta sim, mas em lugar nenhum do mundo existe emprego caindo do céu.
As pessoas interpretam mal as coisas porque existe uma grande diferença entre ser "fácil conseguir emprego aqui" e ser "mais fácil" conseguir emprego aqui do que no Brasil.

Para imigrar você tem que decidir entre e tipos de processo: Skilled Worker para a parte anglófona ou francófona (Quebec).

Em seguida, faça um teste para saber se você consegue atingir a pontuação mínima exigida para o processo como Skilled Worker. Existem 6 fatores que influenciam nesta pontuação:

Educação: até 25 pontos
Nível de fluência em Inglês/Fancês: até 24 pontos
Experiência profissional (você deve ter no mínimo 1 ano na sua área): até 21 pontos
Idade: até 10 pontos
Proposta de emprego no Canadá: até 10 pontos
Adaptação: até 10 pontos

Dos 100 pontos você deve fazer pelo menos 67; se fizer menos nem perca tempo e dinheiro aplicando para o processo.

Abaixo estão os links para os tipos de vistos mais comuns para o Canadá:

Visita/turismo
Trabalho temporário
Estudos
Imigração

Existem taxas de aplicação para o processo. Inicialmente você deverá desembolsar U$550 por pessoa e no final mais $490 para ter direito ao visto de residente permanente. Depois ainda tem gastos com exames médicos, envio destes exames para Trinidad & Tobago, emissão ou renovação de passaporte, entre outras.

Aqui você pode fazer o download do kit para aplicação para o processo.

É exigido um valor mínimo em dólares para que voê possa se manter aqui enquanto não encontra emprego.

1 pessoa: U$10.168
2 pessoas: U$12,659
3 pessoas: U$15.563
4 pessoas: U$18.895
5 pessoas: U$21.431
6 pessoas: U$24.170
7 pessoas ou mais: U$26.910

Recomendo fortemente que não tragam somente o valor mínimo porque nunca se sabe quando o primeiro emprego virá ou quanto ele pagará. Além do mais, durante o primeiro ano por aqui você terá que pagar tudo à vista, já que não tem histórico de crédito.
Muitas vezes serão exigidos depósitos para que você possa comprar algumas coisas como telefone celular, por exemplo.
Na primeira vez que adquirimos celulares tivemos que deixar $200 por pessoa durante 6 meses para que pudéssemos adquirir um plano.

Se você quiser um cartão de crédito também terá que deixar um depósito no valor do limite do cartão durante 1 ano.
Aluguel? É uma prática ilegal mas muita gente cobra 6 meses adiantados e às vezes até 1 ano.
O certo é que você pague no ato o primeiro e o último mês de aluguel.

Por aí vocês podem ver que o início da vida do imigrante aqui não é nada fácil, imagine para quem é ilegal...

Se você decidiu aplicar, então o site do consulado canadense será seu livro de cabeceira. Todas as informações e taxas relativas ao processo você encontrará nele.

Alguns sites úteis:

Grupo de Discussão Canada Immigration - lá tem muita gente boa que pode tirar suas dúvidas, mas lembre-se de fazer uma busca nos post arquivados porque é quase certeza que o assunto que você quer abordar já está lá.

Maura, me ajuda! - comunidade do Orkut que também tem muitas informações úteis.

Vou pro Canadá - esse é o blog do Gean que está sempre disposto a ajudar a todos. Ele também disponibiliza hospedagem a preços bem acessíveis.

How to live in Canada
- este é o blog em Inglês do Gean só sobre informações para quem quer imigrar.

Lembre-se: todos queremos te ajudar, mas antes de perguntar faça uma busca nos blogs e nos sites indicados porque muita gente tem a mesma dúvida que você e na maioria das vezes a resposta que você quer está lá.

Ah, e não precisa trazer panela de pressão porque aqui tem, tá?
Boa sorte!

09 março 2008

Picanha com Neve


Eu diria que este foi um final de semana totalmente verde e amarelo.

Levamos o pessoal do Simbora pro Canadá ao Rio 40° para matar um pouco da saudade da nossa deliciosa picanha.

É bom chegar cedo porque o local fica lotado, já que oferece outros pratos brasileiros como pizza de frango com catupiry, bife à parmigiana, pudim de leite condensado, brigadeirão e o bom e velho cafezinho.

Uma das maneiras de se chegar lá é pegando o streetcar 512 no sentido West da St. Clair Avenue. O ponto fica bem na esquina da Yonge x St. Clair, mas prepare-se para descer no meio do caminho e pegar um ônibus (também 512) que vai fazer o resto do percurso, passando em frente ao restaurante. Isto é devido às obras que ainda não ficaram prontas; acho que estão trocando os trilhos do streetcar.

Essa parte não foi muito agradável porque além do frio as ruas estão com montanhas de neve e nem todo mundo limpa sua calçada.

Para quem não sabe, ontem tivemos uma das piores tempestade de neve de todos os tempos. Niagara Falls chegou a acumular 50 centímetros e aqui em Toronto tivemos entre 20 e 30 centímetros.
Mais de 600 ocorrências foram registradas nas estradas e 280 vôos cancelados.
Não temos mais onde "guardar" tanta neve. É bom que a primavera chegue logo!

08 março 2008

Uma manhã no Brasil

Mesmo com essa snow storm resolvemos seguir os planos que havíamos feito durante a semana de passar no bairro Português para comprar umas coisas da "terrinha", especialmente picanha!

Não foi fácil porque a neve não deu trégua e enquanto esperávamos o streecar na Yonge X Dundas ficamos cobertos de foquinhos brancos. Vejam o tamanho da montanha acumulada na esquina:

Lá no bairro Português a coisa não estava melhor; tinha muita neve por toda parte e é claro que eu tinha que descer no ponto errado! Acabamos andando uns 2 ou 3 quarteirões até chegar à Salsicharia Pavão que estava um sossego só!

Perto da Salsicharia Pavão (Dundas West)


Como é de praxe, passamos na Nova Era Bakery para comer a tradicional coxinha com café esperesso. Não é aquela maravilha como as que eu comia na Ofner, mas dá pra enganar.

Resolvemos então voltar mais alguns quarteirões com neve entrando na boca e nos olhos para procurar ovo de páscoa brasileiro na lojinha que frequentamos. Claro que não tinha, mas para quem só tinha ido comprar os ovos até que saímos bem carregados com doce de leite, bombom, chocolate, pão de queijo, guaraná Antártica...
Olha o tamanho do "prejuízo":

No final eu já estava exausta porque andar na neve é um belo exercício para as pernas.

07 março 2008

O homem ainda ganha mais que a mulher

Na véspera do Dia Internacional da Mulher continuamos não tendo muitos motivos para comemorar.

Alguém sabe alguma coisa sobre este assunto no Canadá?

Um estudo divulgado nesta sexta-feira pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) para lembrar o Dia Internacional da Mulher revela que, no mercado de trabalho, prevalece a desigualdade de gêneros.

Os dados colhidos entre janeiro de 2003 e janeiro de 2008 revelam que, no campo profissional, as mulheres ainda estão em desvantagem diante dos homens.

Segundo análise do IBGE, quando o contexto é mercado de trabalho, todos os indicadores mostram que as mulheres estão em um patamar inferior ao dos homens. Uma trabalhadora brasileira recebe em média R$ 956,80 por mês por uma jornada de 40 horas semanais. O valor representa 71,3% do que um homem recebe pelo mesmo trabalho.No que se refere a trabalho formal, a desigualdade persiste. Em janeiro, entre as mulheres ocupadas, 37,8% tinham carteira assinada em empresa do setor privado. Entre os homens, o índice era de 48,6%.

Já no quesito escolaridade, elas têm se destacado. De acordo com o estudo do IBGE, de 2003 a 2008, o percentual de trabalhadoras com Ensino Médio completo aumentou de 51,3% para 59,9%. Entre os homens, no mesmo período, o índice aumentou de 41,9% para 51,9%

Mas a maior escolaridade não é garantia de melhores condições de emprego para elas. Segundo o estudo, a diferença de rendimentos entre os gêneros é ainda maior nas classes mais escolarizadas. Uma mulher com curso superior tem salário em média 40% inferior ao de um homem na mesma função.

Leia a reportagem na íntegra

06 março 2008

Saudade

Não tenho saudade

Trânsito caótico:


Prefeito e Governador (Kassab e motoSerra):


Descaso com a população (cratera no metrô de SP):


Descaso com a educação (greve na USP):


Violência:


Pobreza/injustiça social:


Tenho Saudade

Da "famiage":



Dos amigos:



Da comida da "véia":

Das manhãs na piscina da USP...

... e das tardes no Ibirapuera:

De coxinha, brigadeiro, picanha, pãozinho na chapa:





De São Paulo e muito mais:


Mais pra frente farei um post com as coisas que gosto em Toronto.
E você, gosta do que aqui no Canadá?

05 março 2008

Leis Trabalhistas

Através da CLT, sancionada pelo então presidente Getúlio Vargas em 1943, o trabalhador brasileiro adquiriu uma série de benefícios e direitos que não tinha até então, como a regularização da jornada de trabalho de 44 horas semanais.

No Canadá os trabalhadores "full-time" como são chamados aqueles que seriam "registrados em carteira" também têm alguns desses benefícios, mas você sabe como funcionam as Leis Trabalhistas por aqui?

Elas não são muito diferentes das nossas, embora tenham algumas peculiaridades. Vou fazer aqui um "resumo do resumo" mas vocês podem encontrar tudo detalhado na parte de Recursos Humanos do Governo do Canadá.

Jornada de Trabalho:

As pessoas às quais as leis trabalhistas são aplicadas (aquelas que teriam a CLT) não podem trabalhar mais do que 10 horas por dia, a não ser que haja um acordo prévio com o propósito de encurtar 1 dia de trabalho durante a semana,por exemplo.

A jornada máxima permitida é de 60 horas semanais e ela não pode ter início antes das 7 da manhã ou terminar após as 18h30 em fábricas. Nas lojas ninguém pode começar a trabalhar antes das 6 da manhã.

Em Ontario o trabalhador tem a opção de uma pausa em 2 períodos do dia totalizando 30 minutos e o horário de almoço ou pausa para refeição não é remunerado (assim como no Brasil). No entanto, em algumas jurisdições os trabalhadores que devem permanecer em seus postos de trabalho ou estar disponíveis para o trabalho durante o horário da refeição deverão ser pagos normalmente.

O empregador não é obrigado a fornecer coffe breaks aos seus funcionários, mas onde ele é permitido a pausa deverá ser considerada como hora trabalhada.

Férias:

Trabalhadores elegíveis têm direito a pelo menos 2 semanas de férias remuneradas para cada ano completo trabalhado.
Já ouvi algumas pessoas falarem também que para cada mês trabalhado você tem direito a 1 dia de férias, o que daria 12 dias em 1 ano, mas não encontrei essa informação oficialmente.

Aqui vai um trecho de pontos importantes que você deverá ler sobre as Leis de Trabalho, tais como aviso prévio e aposentadoria:

Individual Terminations

Normally, the legislation provides for increases in the individual notice of termination period based on the years of service of the employee. For example, the provisions may require one week's notice for an employee who has been employed for three months or more but less than two years; two weeks' notice where employed for two years or more but less than five; four weeks' notice where employed five years or more but less than 10; and eight weeks' notice where employed 10 years or more.

It is usually prohibited for an employer to make the period of notice coincide with an employee's vacation.

Notice of group termination of employment is usually served upon the employees involved, and/or upon the trade union, and on the government authorities. The length of the notice period usually increases with the number of redundant employees involved, and can range from four to eighteen weeks.

Other Related Provisions

The Canada Labour Code also provides for severance pay to employees who have 12 months service or more. Ontario has a similar provision covering employees with five years' service or more. In both jurisdictions, severance pay is payable in cases of both group and individual termination of employment provided the eligibility requirements are met.

In addition to the various terminations of employment provisions, employment standards legislation in Canada usually makes it illegal to dismiss employees contrary to human rights legislation, or because of pregnancy, trade union activities, participation in proceedings under industrial relations, employment standards or occupational health and safety legislation, or for garnishment or attachment of wages.

Finally, any portion of unused vacation must be paid upon termination of employment during a working year.

Retirement:

In Canada, labour laws do not specify a retirement age for employees. However, some laws or government policies governing specific occupations set an age limit for persons employed in those occupations.

Forcing an employee to retire by reason of age is considered to be a human rights issue and is regulated by human rights legislation. However, in Quebec, provisions dealing specifically with mandatory retirement are also contained in labour standards legislation.

In Quebec, forcing an employee to retire because of age is considered to be discriminatory under the Charter of Human Rights and Freedoms. In addition, since the enactment of An Act respecting the abolition of compulsory retirement, which took effect on April 1, 1982, the Act respecting labour standards stipulates that an employee is entitled to continue to work despite the fact that he has reached or passed the age or number of years of service at which he should retire pursuant to a retirement plan or the common practice of his employer. However, this right does not preclude an employer from dismissing, suspending or transferring an employee for good and sufficient reason. A person who is forced to retire at a certain age can file a complaint with the Human and Youth Rights Commission (HYRC), which has the power to investigate, determine whether there was discrimination and, if necessary, require remedial measures. However, if recourse is exercised against mandatory retirement before the Labour Standards Commission or the Labour Relations Commission under the Act respecting labour standards, or before a court of law, the HYRC no longer has jurisdiction in the case until that recourse has been exhausted.

At the federal level, it is not a discriminatory practice under the Canadian Human Rights Act to terminate an individual’s employment because that individual has reached the normal age of retirement for employees working in similar positions. Therefore, in those circumstances, as stated in the Act, mandatory retirement is permitted.

03 março 2008

O outro lado da moeda

Uma das coisas engraçadas de se morar aqui em Toronto é em relação à diversidade cultural. Muitas vezes ficamos admirados e até confusos com certos hábitos e tendemos a achar que nossa comida é a melhor que há e que nosso café é imbatível, por exemplo.
Sobre o café brasileiro a Alexandra fez um ótimo post derrubando o mito.

Mas vocês já pararam pra pensar no outro lado da moeda? Como os estrangeiros vêem nosso país e nosso povo?
Você já imaginou que é possível não gostar de picanha, pastel de feira, coxinha, brigadeiro e feijão com arroz? Difícil, né?

Neste fim de semana eu descobri por acaso o blog de uma americana que vive no Rio de Janeiro e conta suas impressões sobre a cidade e o país. Um do posts mais engraçados é sobre aquele hot dog que vendem de uns anos para cá com purê e todo tipo de coisa que você possa imaginar dentro, até ovo frito! Segundo ela, nós brasileiros, comemos o hot dog mais disguting que ela já viu.
Eu não tiro a razão dela porque hot dog pra mim tem que ser pão, molho e salsicha!
A Thelma também descobriu o blog e está se divetindo com isso.

Minha intenção é colocar aqui o outro lado da moeda de acordo com conversas que tenho tido, desde que cheguei, com canadenses ou outros imigrantes não brasileiros que vivem aqui há muito tempo.

No posto de gasolina:
Eu: a primeira vez que fomos abastecer o tanque do carro aqui levamos uns 10 minutos pra descobrir como essa máquina funciona porque lá no Brasil tem uma pessoa que enche o tanque pra você.

A pessoa: Como assim? Você chega no posto e pede pra pessoa te ajudar?

Eu: Não, a pessoa é contratada exclusivamente pra fazer esse serviço.

A pessoa: Nossa, que coisa esquisita, eu nunca vi isso antes.

No almoço:
Eu: Não me acostumei ainda com esse negócio de ter que trazer marmita pro serviço porque no Brasil as pessoas sempre comem em restaurantes na hora do almoço.

A pessoa: Mas não fica muito caro?

Eu: Fica, mas geralmente a empresa custeia parte te dando um valor por mês para gastar com alimentação.

A pessoa: Que legal, poderiam fazer isso aqui também.

No dia seguinte:
A pessoa: Eu não entendo uma coisa: por que as pessoas no Brasil não fazem comida para levar para o trabalho? É porque elas são preguiçosas, não gostam de cozinhar?

Eu (depois de uma longa gargalhada): Não ( e não sabia mais o que responder). É que sempre foi assim, é o costume, ninguém leva almoço.

A pessoa: Mas vocês não têm tempo pra cozinhar?

Eu: Em parte sim, mas isso é mais uma questão cultural. As empresas dão vale refeição e a gente vai almoçar fora.

Depois comecei a explicar que muita gente paga faxineira pra limpar a casa 1 vez por semana, que quando compramos móveis tem alguém pra entregar na sua casa, entre outras coisas.
A cada "revelação" que eu fazia a pessoa arregalava cada vez mais os olhos e finalmente me perguntou: "Mas por que é assim?".

Aí foi duro ter que falar da nossa herança colonial, dos coronéis, dos escravos e por aí vai. Acabei dando uma aula de História explicando as diferenças entre a "Casa-Grande" e a "Senzala".