30 janeiro 2008

E a idéia foi aprovada

A idéia de se criar "Afrocentric schools" foi aprovada ontem no debate da TDSB com base na premissa de que a comunidade negra alega que suas crianças não estão ativamente engajadas na educação que lhes está sendo fornecida, não há encorajamento, incentivo.

Anthony Hutschinson, economista e professor engajado em causas sociais concorda com a afirmação mas diz que a coisa é um pouco mais complexa. Segundo ele, os estudantes se sentem "bored" e marginalizados nas escolas sim mas em um trabalho que ele desenvolveu com 100 famílias constatou que 80% não davam nenhum apoio ou incentivo à educação dos filhos e muitas vezes havia gritaria e discussões nas casas.

Hutchinson é veementemente contrário à decisão de se criar "Afro-centric schools" e culpa o próprio sistema de ensino pela marginalização dos estudantes. Ele ainda diz que a crença de que as crianças negras teriam um melhor desempenho se lhes fossem ensinadas suas identidades social e cultural na escola é estupidez.

O ponto alto do debate foi quando Loreen Mall, mãe de um jovem de 15 anos que foi morto em sua escola em maio de 2007, fez um apelo contrário à criação do novo esquema. Ela citou Martin Luther King, que assim como outros "pais", lutou para que brancos e negros pudessem ser iguais e andar juntos na frente do ônibus. Para ela, esse debate está levando à segregação de ambas as partes, quando na verdade elas deveriam ser uma só.

Apesar de várias opiniões contrárias a idéia foi aprovada mas ainda não se sabe onde será implementada, se nas escolas primárias ou secundárias ou qual será a cara do novo currículo escolar.
(Leia toda a reportagem aqui)

Confesso que esse debate me deixou bastante preocupada. Todos sabemos que Toronto é uma cidade multi-cultural com 49% de sua população nascida fora da América do Norte e isso deveria ser suficiente para que todo preconceito e segregação fossem coisas inimágináveis por aqui, mas essa discussão revelou exatamente o contrário.

Tenho visto algumas pessoas falando contra a imigração apesar de todo o esforço do Governo a favor dos imigrantes. O que me preocupa é o futuro, já que Toronto apresenta sinais de abundância de mão-de-obra para as vagas de trabalho existentes em alguns setores. Além disso, os salários são baixos se comparados ao alto custo de vida da cidade.

Será que daqui a uns 10 anos enfrentaremos problemas tão conhecidos por nós como pobreza, violência, desemprego e injustiça social? Não que isso não exista aqui, mas os números são bem menos assustadores do que aqueles com os quais estamos acostumados.

Uma propaganda na TV que diz que mais de 1 milhão de canadenses não conseguem pagar aluguel e alimentação ou aluguel e energia elétrica ao mesmo tempo. Os números são ínfimos perto do Brasil, mesmo porque nossa população é gigantesca, mas mesmo assim 1 milhão é muita gente.

Mais da metade dos imigrantes vêm para Ontário, mais especificamente Toronto. Não seria hora de mostrar ao mundo que o Canadá não é só Toronto, Montreal ou Quebec City?

Nós mesmos estamos pensando seriamente se ficaremos em Toronto ou não. Adoramos a cidade mas percebemos que ela está "inchando" a cada dia sem que tenha condições de melhorar sua infra-estrutura (alguém aí lembrou do TTC?).

Uma alternativa para contornar a falta de dinheiro é a criação de novas taxas e qual não é a minha surpresa quando vejo que a idéia de se criar uma "taxa do lixo" está cada vez mais forte. Eu já vi esse filme antes e não gostei!

29 janeiro 2008

Escola alternativa para afro-descendentes

A Toronto District School Board (TDSB) discute esta noite a criação de escolas para afro-descendentes. Segundo o relatório Improving Success for Black Studants 40% dos estudantes negros não conseguem terminar seus estudos (leia a reportagem aqui).

A idéia é ter até Setembro de 2009 uma escola "alternativa" na qual sejam ensinadas a cultura e a história dos afro-descendentes, por exemplo. A primeira parte deste projeto começará em setembro deste ano com a implementação de um projeto piloto de 3 anos.

A TDSB adverte que não se trata de uma "escola para negros" mas sim para pessoas que usem fontes de conhecimento e experiências de povos africanos como base para o ambiente de ensino e aprendizagem.

Essa polêmica me lembra uma outra sobre a criação de cotas para negros nas universidades brasileiras, mas isso já é outra história.

E você, é contra ou a favor da idéia da TDSB de criar uma escola "alternativa" para a cultura negra?

28 janeiro 2008

Eu quero estudar!


Muita gente volta a estudar depois que chega aqui e eu achei que era hora de eu me mexer também.
Como simplesmente fujo de cursos relacionados a administração e negócios porque realmente não é a minha área (lembre-se que minha primeira faculdade foi de História) procurei por algo que eu pudesse tirar proveito além do ambiente de trabalho e que não fosse muito boring.
Encontrei um curso de Business Writing na TDSB que teria iniciado no dia 14. Sim, TERIA!

Estava tudo muito bom pra ser verdade, o curso era barato, a localização boa e o horário idem mas eis que na manhã do dia 14 uma secretária me liga dizendo para eu não ir à aula à noite porque o professor não estava "available" para este inverno.

Peraí! Como assim??? Eles abrem as incrições 3 meses antes, a gente paga a taxa e só no primeiro dia de aula eles "descobrem"que o professor não poderá dar aula?

Fiquei mais indignada ainda porque esse foi o único curso presencial e affordable que consegui encontrar, os demais eram todos online e na base de $300 por disciplina.

Não sei se algum de vocês já fez esses cursos online, mas me recomendaram dar preferência pelo presencial porque além de desenvolver o idioma e fazer networking você aprende muito mais.

Agora cá estou à procura de algum curso (de novo) para desenvolver minhas habilidades na língua escrita deste país.

26 janeiro 2008

Roubo de Carros


Todos sabem que seguro de carro aqui em Toronto é uma fortuna, podendo chegar a $5 mil por ano (ou até mais).
O Insurance Bureau of Canada divulgou a lista dos 10 carros mais roubados em 2007, portanto, se você está pensando em comprar sua caranguinha dê uma olhada nessa lista primeiro. Ah, e lembre-se de trancar bem o seu carro.

1999 Civic SiR 2-door
2000 Civic SiR 2-door
2004 Subaru Impreza WRX/WRX STi AWD
1999 Acura Integra
1994 Dodge/Plymouth Grand Caravan/Voyager
1994 Dodge/Plymouth Grand Caravan/Voyager AWD
1994 Dodge/Plymouth Caravan/Voyager
1998 Acura Integra
2000 Audi TT Quattro 2-door couple
1994 Dodge/Plymouth Shadow/Sundance 2-door hatchback

24 janeiro 2008

Pizza com ovo



Essa questão de diferenças culturais é bem engraçada. Assim como achamos algumas coisas esquisitas na alimentação daqui o contrário também acontece.

Meu gerente disse que foi a São Paulo algumas vezes e ficou em Jundiaí, perto de um shopping que tem um frango no logotipo (????). Lá perto ele comeu umas pizzas com coisas "weird" tipo ovo cozido. Apesar de esquisito ele disse que gostou muito e toda vez que faz festa em casa prepara uma pizza com ovo. Ele deve estar falando da pizza portuguesa, hahahahahaha

A surpresa dele deve ter sido tão grande quanto a minha quando fui a um restaurante e percebi que a maioria das pizzas por aqui têm pimentão, cogumelo e cebola como base, ao contrário do nosso maravilhoso molho de tomate e queijo. E olha que ele ainda não viu nada tão esquisito assim como pizza de carne seca, de picanha, de estrogonofe, de cachorro-quente, abobrinha...

23 janeiro 2008

6 Meses e Emprego


Este post é duplamente comemorativo. Primeiro porque ontem, 22 de janeiro, completamos 6 meses na terrinha gelada. Aêêêêê!!!!
Concomitantemente temos um motivo melhor ainda: finalmente consegui voltar para minha área profissional como Technical Writer. Como não podia deixar de ser, meu carma com as empresas farmacêuticas européias continua, essa é a terceira em 8 anos.
Antes disso eu estava fazendo um estágio em uma Practice Firm do governo, onde fiquei 2 meses. Falei sobre isso nesse post.

Tenho certeza que essa experiência contribuiu para que eu conseguisse um bom emprego na minha área. Além disso, os recruiters continuam me ligando e na semana passada tive que recusar fazer uma entrevista no CIBC. Esse é o lado bom na minha profissão, é difícil encontrar profissionais disponíveis no mercado. Quantos Technical Writers você conheceu durante sua vida ou quantos Analistas de Organização e Métodos?
Felizmente o mercado em Toronto é razoável; quase todo dia eu via pelo menos 1 anúncio de emprego, ao contrário do Brasil onde eu raramente via alguma empresa contratando um profissional desse.

Mudando totalmente de assunto, recebi uma tarefa de 2 pessoas para fazer um post sobre as minhas resoluções de ano novo. Infelizmente não poderei falar sobre isso porque não fiz nenhuma resolução ainda. Havia pensado nas coisas de sempre: emagrecer, fazer mais exercício, passear mais com os cachorros e blá, blá,blá. Como sei que não vou cumprir resolvi não decidir nada. Quem sabe daqui a algumas semanas eu resolva colocar algumas metas? Economizar dinheiro com certeza é uma delas, já que gastamos muito para nos estabelecermos no congelador.

E para fechar a sessão de comemorações, amanhã completarei 33 primaveras. Primeiro aniversário em terras canadenses.

21 janeiro 2008

Impostos

Bem, esse assunto não é agradável em lugar nenhum. Talvez por isso tenhamos demorado tanto para falar nele. Mas o fato é que, dessa vez, até que não é tão ruim.
Como todos já devem estar sabendo, no início deste ano o governo do Canadá reduziu em 1% o imposto federal.
Lembro que quando chegamos aqui os brasileiros em geral reclamavam que o valor dos impostos não vinha embutido no preço das mercadorias e você tinha que calcular de cabeça toda vez que ia comprar. É claro que, para mim, isso tinha a vantagem da transparência, pois fica muito claro quanto você está pagando para o governo.
Eu cheguei a pensar em outra vantagem, mas achei que seria uma possibilidade muito remota. Mas acabou acontecendo! Como o imposto só é calculado na hora de pagar, e agora o imposto é menor, isso significa que todos os preços que pagamos automaticamente serão mais baixos. Pouca coisa, é verdade, mas a gente paga apenas o que é certo, e o comerciante não perde nada, por que só a parte que vai para o governo é que ficou menor. Só que ele também não ganha... E é aí que está a "vantagem" do sistema.

Acho que seria complicado explicar para um canadense porque isso é uma vantagem. Afinal, pagar só o que é certo não tem nada de mais. Porém, só para fazer uma comparação, pergunto aos amigos do Brasil: quando a CPMF deixar de ser cobrada este ano, (embora seja uma redução percentual muito pequena também), será que os comerciantes vão dar uma reduzidinha nos preços também? Afinal, eles não estarão mais pagando CPMF ao longo da sua "cadeia produtiva"? Vamos ver...

16 janeiro 2008

Driver's Licence - G1


Finalmente resolvi tirar a Driver's License.

Primeiro fui ao Consulado Brasileiro, que fica na 77 Bloor Street West - suite 1109, para que fosse emitido um documento confirmando o que está no site do Denatran. Custa $27, tem validade de 6 meses e fica pronto em 1 semana. Ah, não se esqueça de levar sua Carteira Nacional de Habilitação (CNH).

O passo seguinte é ir até um dos Driver Examination Centers munido de passaporte, CNH, a carta do Consulado e pagar $85 doletas.

Cheguei lá por volta de 11h30 da manhã então peguei um pouco de fila mas notei que depois de meio-dia o centro esvazia.

Assim que fui apresentar os documentos no guichê a moça me perguntou se eu dirigia no meu país e se eu tinha a tradução da CNH. A questão da tradução é bem controversa porque foi exigida para algumas pessoas e para outras não. Eu dei uma de "João-sem-braço" e apresentei a carta do Consulado. Ela olhou e deu entrada no meu processo.

Com uma folha amarela em mãos fui até a salinha para fazer o written test. Estava completamente lotada e tive que esperar uns 15 minutos até receber meu teste. Depois disso você o entrega para correção (manual) e espera mais um tempão para saber se passou ou não.

São 20 questões sobre placas e 20 sobre rules, você só pode errar 4 em cada uma delas. Se você não passou da primeira vez (o que acontece com a maioria) é só pagar mais $10 e refazer o teste quantas vezes for preciso.

Saí de lá à 1h30 da tarde com minha Licença temporária que só me permite dirigir acompanhada de uma pessoa habilitada há pelo menos 4 anos, ou seja, não posso dirigir, né?

Agora preciso marcar uma aulinha de direção e o road test para receber a G, aí poderei dirigir livre, leve e solta.

Vou deixar alguns links importantes que podem ajudar vocês:

How to apply

Graduated Licensing

Road Test Booking

Practice Test - Quiz

Boa sorte!

13 janeiro 2008

Pizza

Nem só de "insucessos" na cozinha vive um ser humano.
Hoje preparei um almoço completo:
  • massa de pizza de liquidificador (ficou um pouco com gosto de pizza de supermercado)
  • brigadeirão (esse ficou delicioso)
  • cafezinho brasileiro
Depois do desastre que foi o "Projeto Fanta" eu merecia acertar alguma coisa.


12 janeiro 2008

O que trazer?

Durante a semana conversei bastante com um amigo que está pensando em aplicar para o processo de imigração e um dos assuntos que surgiu foi quanto ao que trazer ou deixar no Brasil.

Por mais que se leia tópicos desse tipo a gente sempre acaba trazendo coisas desnecessárias e deixando para trás o que deveria ter trazido.

Antes de vir eu comprei uma "farmacinha" que ocupou um espaço desnecessário na mala. Trouxe remédio para estômago, dor, resfriado e até remédio para os cachorros.

Com exceção dos medicamentos veterinários, que devem ser indicados por um especialista, os demais você encontra aos montes nas prateleiras, inclusive xarope para tosse e pastilhas para garganta.
Quanto a vitaminas também não se preocupe porque existem prateleiras e mais prateleiras com os mais diversos tipos, inclusive em supermercados.

Também comprei um monte de meias que acabei perdendo, já que encolheram e agora só sevem para criança. Meia só ocupa espaço na mala, traga o mínimo possível e compre o que precisar por aqui, não é caro.

O mesmo serve para roupas de algodão e de malha. Comprei tamanhos maiores já sabendo que iam encolher aqui...não adiantou! Encolheram tanto que a maioria não tenho mais como usar, a não ser que emagreça uns 10 quilos.

Só traga os produtos de beleza que você tem em casa, não faça estoque para trazer. Aqui você encontra de todos os tipos e preços.

Livros também só traga o mínimo. Acho que eu só trouxe uns 6 que ainda não tinha lido. Os valores aqui são bem acessíveis e se você não encontrar o que procura sempre tem a Amazon.

O que me arrependo de não ter trazido é comida, como café, por exemplo. Lembro-me claramente de uma prima do Pedro me falando para trazer café, aí eu soltei a máxima: "Nescafé é igual em todo lugar.". Não mesmo!
Em último caso existem lojas no bairro Português que vendem produtos brasileiros, inclusive Natura e Boticário, mas você vai pagar um preço por isso.
Eu tive que aprender a fazer café na cafeteira depois que comprei um saquinho de Pilão. De vez em quando eu acerto.

Alguns restaurantes seevem o espresso italiano que se aproxima bastante do nosso cafezinho.

Lingerie é item obrigatório, principalmente calcinha. Aqui só existem 2 tipos: calçola e fio dental.
Admito que as calçolonas devem ser mais confortáveis, mas por uma questão de costume e cultura ainda não me rendi, acho muito feio.

Sutiã já não tem muito problema e se você usa tamanhos grandes aqui é o seu lugar! E depois, sempre existe a Victoria's Secret ali no país vizinho.

Chocolates. Aqui eu só como Lindt (rsrsrsrs) mas mesmo assim sinto uma falta enorme de Sonho de Valsa e daquele chocolate branco da Lacta, o Laka. Fico sonhando com aquela barrona de 180gr. Trouxe 5 quando vim para cá mas acabaram logo no primeiro mês. Estava muito quente e eu não poderia deixar que derretessem, né? Por isso tive que comer logo, hehehehe

Traga TODOS os seus documentos, sem exceção. Uma vez ouvi alguém perguntar se poderia deixar no Brasil a carteira de trabalho e outros documentos brasileiros como título de eleitor, por exemplo. Pra quê???? Traga tudo, você nunca sabe quando vai precisar.

Se possível, é altamente recomendável que você traga cartas de referência de seus empregos anteriores (em Inglês, claro). Isso pode facilitar bastante sua vida por aqui, principalmente se a empresa em que você trabalhava é uma multinacional conhecida globalmente.

Dependendo da sua profissão é possível levar "amostras" para a entrevista, também conhecido como portifólio. Não deixe de trazer. Eu mesma precisei mostrar algumas vezes exemplos do que eu fazia no Brasil como Technical Writer.

Também não disperdice espaço na mala com secador a não ser que você tenha um que fale. Comprei um por $15 assim que cheguei e continua funcionando bem.

E para quem tem animal de estimação, traga todos os supérfluos que puder porque as pet stores aqui não são lá essas coisas. Fiquei procurando uma roupa impermeável e uma botinha para o Willy durante 1 mês, até que me indicaram uma loja lá na PQP, a Neo Paws. Coincidentemente a proprietária está abrindo uma filial em São Paulo.
Também tem a Bobo, mas os preços já são um pouco mais salgadinhos.

Claro que a decisão do que trazer ou deixar é bem pessoal mas não custa nada a gente dar umas dicas.

10 janeiro 2008

Family Doctor. Again!

Preciso colocar uma ferramenta de busca nesse blog porque nem eu consigo achar as coisas que quero.
Acho que falei de quando fui fazer "entrevista" com um family doctor pra ver se ele me aceitava, mas não consegui localizar o post.

Pois bem, hoje voltei lá para minha primeira consulta. Depois de 45 minutos de espera ouço alguém pronunciar meu nome "à francesa": Jaaaane.
Já comentei que todo mundo me chama de "Dini"? Até eu! Não gosto mas é a forma mais fácil de fazer esse pessoal pronunciar meu nome.

Tomo um medicamento de uso contínuo receitado por um especialista no Brasil, mas aqui quem o prescreve é o family doctor. Ele me deu uma receita para 3 meses, assim não preciso voltar lá todo mês para pegar a prescrição.

Já da uveíte ele não vai tratar, me encaminhou para um oftalmologista mas não sou eu quem marco a consulta, é a secretária. Algum dia desses ela vai me ligar informado a data da minha consulta. Estranho, né? No Brasil eu tinha controle total sobre com que médico eu queria me consultar, quando e onde.

Acho que não fiquei nem 10 minutos no consultório. Depois que ele me deu a papelada toda começou a escrever na minha ficha e eu com aquela cara de interrogação me perguntando se ele queria mais alguma informação. Não. Olhou pra mim e ficou com aquela cara de "o que você ainda está fazendo aqui?".
Tá bom. Tchau hein, have a good day!

Acho que peguei o sujeito num mau dia. É, deve ser isso mesmo porque da primeira vez ele foi simpático e entendi melhor o que ele dizia. Hoje mal abria a boca pra pronunciar as palavras e eu parecendo retardada pedindo pra ele repetir toda hora. Pelo visto mudarei de family doctor em breve. Eu quero ser atendida por uma doutora, de preferência simpática.

09 janeiro 2008

FrameMaker

Alguém já ouviu falar em FrameMaker?

É uma ferramenta da Adobe para criação e publicação de grandes textos que o mundo da comunicação técnica está utilizando cada vez mais aqui no Canadá. 80% das vagas para Technical Writer exigem o conhecimento do dito cujo. Mas não basta dominar apenas o aplicativo, é necessário ter um conhecimento mínimo de HTML, o que vai me obrigar a aprender "programar", coisa que venho evitando desde os tempos da faculdade.

Pelo site da Adobe é possível fazer o download de uma "trial version" por 15 dias. Eu já fiz e quebrei a cabeça para tentar aprender, mas não passei das primeiras páginas.

Claro que ele já divide opiniões e um dos motivos é a sua complexidade devido às "funcionlidades escondidas" dessa nova versão.

Pois é, bom ou não eu preciso aprender esse negócio o mais rápido possível mas já revirei o Google e fóruns de technical writers à procura de cursos "affordable" aqui em Toronto.

Por incrível que pareça a oferta de treinamento é ínfima e geralmente voltada para grupos dentro de empresas.

Você conhece algum local que ofereça o curso para Pessoa Física por um valor menor que $600?
Ou será que você é um craque em FrameMaker e vai me dar umas aulinhas por um preço justo?

08 janeiro 2008

Você tem curso superior?

Antes de vir para Toronto eu sempre ouvi que os empregadores daqui davam mais importância à experiência prática de trabalho do que à formação acadêmica. Na minha busca por emprego constatei essa verdade.

No meu caso (Technical Writer) os anúncios geralmente pedem:
  • Diploma em Artes ou equivalente em Inglês ou algo relacionado à área de IT- por incrível que pareça o meu curso de graduação em História entra na categoria "artes"; ou
  • Certificado em Business Writing ou outro relacionado à área de IT - pode ser um curso de 2 anos ou até um curso online de algumas semanas; ou
  • Experiência equivalente na área
Por coincidência, hoje saiu uma reportagem no Metro News falando sobre a relacão entre empregabilidade/salário e nível de instrução. Você pode ler a reportagem na íntegra clicando aqui.

Muitos estudantes terminan o High School e decidem viajar ou fazer qualquer outra coisa ao invés de ir direto para a universidade.

Em 2000 uma pesquisa começou a acompanhar 15 mil estudantes entre 18 e 20 anos na época e concluiu que aqueles com mais escolaridade tiveram mais chances de encontrar um emprego e de ter um salário maior do que aqueles que não cursaram o ensino superior.

Os jovens de 22 a 24 anos com nível superior e que saíram do colegial direto para a faculdade tiveram um nível de empregabilidade maior (80%) contra aqueles que não completaram o High School (72%). Os primeiros tiveram uma média salarial de $625 por semana e os que desistiram da escola só ganharam $450/semana.

Já os que completaram o nível superior mas "deram um tempo" assim que saíram da escola estavam fazendo $85 a menos por semana do que aqueles que ingressaram direto na faculdade.

Este estudo não me pareceu ter um fundo científico muito forte mas dá uma idéia do que acontece por aqui.

No Brasil não é muito diferente, quem tem curso superior geralmente ganha relativamente mais do que aqueles que não têm. A principal diferença está no nível de exigência acadêmica e profissional e nesse assunto os canadenses são mais flexíveis.

Tenho um exemplo dentro da minha própria casa: o Pedro tem curso técnico em eletrônica (se não me engano), cursou uns 3 anos de Física e acabou se graduando em Filosofia. Para aumentar um pouco mais essa confusão ele trabalhou como Analista de Sistemas/Programador desde o primeiro emprego há mais de 15 anos.

Somado ao longo tempo de experiência ele acumulou alguns cursos, entre eles uma certificação em Java, inclusive deu aula de Java e outras tecnologias durante 4 anos em uma universidade, porém o fato dele não ter um diploma na área de informática fechava quase todas as portas.

Chegava a ser ridículo quando ele ia para as entrevistas. Na maioria das vezes eles estava até super qualificado para a vaga, mas assim que o empregador descobria que o diploma dele era em Filosofia, todas as qualificações iam por água abaixo, afinal, o principal requisito era o tal do diploma em Análise de Sistemas ou afins, principalmente nas grandes empresas.

Chegando aqui foi diferente, poucas foram as oportunidade perdidas porque uma graduação na área de IT era obrigatória. O tempo de experiência dele sempre ficou em primeiro lugar e, por coincidência, além do chefe dele também ter estudado Física na faculdade, disse que ter um curso de Filosofia ajudaria muito no trabalho do Pedro, já que ele precisaria usar muita lógica e raciocínio. Quem dera se todos pensassem assim.

02 janeiro 2008

Toronto Polar Bear Dip


Parece loucura, mas não é. Centenas de pessoas resolveram dar um mergulhinho nas gélidas águas do Lago Ontario ontem, tudo em nome da caridade.

O Toronto Polar Bear Club realizou seu terceiro evento beneficente para arrecadar fundos para a Habitat for Humanity, uma ONG criada para ajudar pessoas que estão na linha da pobreza.

Já em Oakville cerca de 500 pessoas deram um mergulho gelado para a judar outra ONG, a World Vision, que também ajuda crianças e famílias a saírem da miséria.

Cada cidade decide para qual ONG o dinheiro será destinado; muitas delas estão preocupadas com a qualidade da água de algumas comunidades e pretendem construir um sistema de tratamento de água para a erradicação de doenças e melhoria na qualidade de vida.

Os organizadores recomendaram que ninguém bebesse álcool antes de mergulhar porque isso poderia acelerar o processo de hipotermia... (morri de rir quando li isso).

Ah, você quer saber qual a temperatura de ontem? Estava em torno de -6°C com sensação térmica de -13°C.
E aí, vai encarar um mergulho no próximo ano?

01 janeiro 2008

O inverno chegou?

É, parece que acabou a brincadeira e o inverno resolveu dar as caras por aqui:

(re)Aprendendo a comer no Canadá


Em janeiro do ano passado eu ainda estava à toda pesquisando sobre o Canadá e encontrei um depoimento sobre o que se come por aqui.

Hoje posso deixar os depoimentos alheios de lado e tecer meu próprio ponto de vista.
Nunca comi tanto hambúrguer e batata frita na minha vida, ainda mais tendo o Wendy's do outro lado da rua. Quando não sei o que comer, ou pior, o que cozinhar (meu pesadelo diário) lá vou eu para uma trash food.

Também nunca comi tanto arroz e feijão. Como eu almoçava em restaurantes perto do trabalho procurava dar preferência às comidas saudáveis e menos calóricas, já que eu estava com um "enorme" problema de peso na época. De qualquer forma, o almoço era minha principal refeição. Talvez aqui continue sendo, mas deixou de ser saudável.

Eu costumava ir para a a academia de manhã e depois tomar uma xícara de chá (sem açúcar) ou de café com leite e comer uma fatia de pão de forma com queijo branco.
Aqui não tem queijo branco e quanto ao café...sem comentários, então optei por algo simples e que sustenta: vitamina de banana! Faça chuva ou faça sol lá estou eu tomando leite com banana toda manhã.

Assim que cheguei fiquei maravilhada com a variedade de comidas prontas congeladas. Experimentei todas! Claro que de vez em quando dá para comer uma para enganar, mas todo dia não tem condição. Além do mais, percebi que muitas das comidas "made in Canada" são apimentadas, então tenho optado por comprar comida americana. O que salva a pátria é um saquinho de massa pronta da Knorr.

Aqui você também encontra muita comida tailandesa e indiana prontas, que também experimentei mas não aprovei. Comprei um frango ao curry com arroz, mas o curry estava TÃO apimentado que eu desisti de comer. Depois tentei o Thai Chicken (ou algo assim) cujo sabor não me agradou.

Parti para a comida chinesa e comprei um bowl de noodles com presunto, carne...O cheiro é bem esquisito e a carne tem gosto de papel (o Pedro diz que é glutamato monossódico).

Finalmente encontrei pizza de massa fina (congelada), mas também não gostei. Fiquei imaginando aquele molho de tomate delicioso com queijo derretendo. Ilusão!!!!

Conclusão: deu empate porque as comidas congeladas lá no Brasil também não eram grande coisa. Você comia uma ou duas vezes e depois não queria mais olhar para ela.

Os supermercados têm uma grande variedade de ingredientes do mundo inteiro, isso eu acho legal, é uma diversidade ao alcance de todos.

Fiquei fã dos morangos enormes que encontro por aqui desde que cheguei. Achei que tem muita variedade de frutas e outros vegetais, muitos eu nem sei se existem no Brasil.

A carne não é lá é essas coisas, principalmente na aparência. Joguei muita carne no lixo porque ela estava ficando preta mas depois me disseram que isso é por causa do congelamento e descongelamento que ela sofre até chegar à nossa mesa. Pra mim é nojento.

Nos restaurantes eu só peço frango porque a carne tem um gosto estranho, adocicado. Minha cunhada que mora nos EUA também reclama da mesma coisa lá. Ela diz que isso acontece porque o gado é alimentado só com ração.

Custei a acertar o tempero das comidas, parece que é difícil dar sabor aos alimentos. Aí eu já não sei se os temperos são mais "fracos", isso ainda é um mistério. O que faço é colocar bastante pimentão e cebola para conseguir algum gostinho. Curiosamente a comida que se come nos fast-foods também é insossa, por isso minha opção por sanduíches.

Qualquer restaurantezinho no Brasil, inclusive aqueles"PF", serviam salada de alface com tomate, mas aqui a salada básica é geralmente à base de pimentões, cebolas e cogumelos (infelizmente a base de toda pizza também) ou então a famosa salada grega que é feita de alface, tomate e queijo feta.

Acho que além do maple syrup não se encontra uma "culinária canadense" porque a influência da China, Índia, Grécia, Thailândia, Korea (e por aí vai) é muito grande por aqui.

Com o tempo você vai aprendendo a substituir alimentos como donuts ao invés de pão de queijo num lanchinho à tarde, por exemplo. E isso eu tenho que admitir, o Tim Hortons tem uns donuts deliciosos!

Eu juro que tento me esforçar na cozinha mas ela não é minha amiga.
Como não soube o que preparar para comer ontem à noite resolvi preparar um bolo de Fanta, (veja a foto acima) receita sugerida pela minha irmã e muito fácil de fazer...não pra mim.

Depois de 2 horas no forno o bolo ainda não tinha assado, mas eu achei que tinha, então joguei leite condensado por cima (a receita falava de leite condensado com côco ralado mas eu não tinha o côco), coloquei na geladeira e fui experimentar um tempo depois. O negócio parecia um pudim duro, aí resolvi colocar no forno de novo para terminar de assar. O cheiro ficou bom porque o leite condensado cozinhou, depois queimou e o meu bolo continuou igual. Do forno ele foi pro lixo e eu tive que comprar um pacotinho de Cheetos para o meu "jantar de reveillon".

By the way, Feliz Ano para você que teve paciência de ler até aqui.