30 dezembro 2008

Natal em Chicago



Blocos de gelo no Michigan Lake

Gostamos tanto de Chicago que resolvemos fazer um post.

Passamos o Natal na casa da irmã do Pedro, que mora em uma cidadezinha ao lado de Chicago, e nos dias 26 e 27 fomos passear na “cidade grande”. Assim como Toronto, Chicago também fica à beira de um lago, o que dá um charme todo especial à cidade, contrastando com a selva de pedra de edifícios altos.

DNA de rato - Museum of Science & Industry

Infelizmente, não consegui tirar fotos da cidade porque choveu o tempo todo, então optamos por atividades indoors como o Navy Pier e o Museum of Science & Industry, que merece uma visita completa. Nós chegamos lá à tarde então nao deu tempo de ver tudo.

Jardim dos Cristais no Navy Pier

Gostei especialmente de 3 atrações: um avião suspenso (um Boeing) no qual você podia entrar e ver a cabine do piloto, a parte interna das turbinas e outras curiosidades.

Boeing 40B-2


A segunda atração foi a parte espacial, com réplica da parte interna de uma nave da NASA. Eles têm amostras da comida dos astronautas (que dá nojo só de olhar) e até dos utensilios necessários para eles irem ao banheiro. Pena que não deu tempo de experimentarmos o flight simulator. Além da grande fila, já era quase hora do museu fechar.


Roupa de astronauta - Museum of Science & Industry

A última atração que visitamos foi a Smart House. Claro que ela não é para nossos bolsos, mas não custa sonhar. A tecnologia que foi usada nela é incrivel e sempre visando economizar todo tipo de recurso, desde o tecido dos sofás e tapete, passando pela lareira e chegando à eletricidade e água. A descarga inteligente é algo fácil e barato para comprar. Aliás, acho que até já vi uma em algum lugar. Ela tem 2 botões que acionam quantidades de água diferentes para o “número 1” e o “ número 2” .

Smart House

No sábado à noite fomos assistir um show de comédia de improvisação. O grupo é fantástico e a criatividade de improvisação deles é fora de série. Na primeira parte do show, além das piadas que eles já tinham prontas, improvisaram com frases ou notícias de jornais que a platéia havia colocado em um quadro antes do início do espetáculo. Imagine 4 pessoas sem conhecimento prévio nenhum do que vai se passar no placo, improvisando situações cômicas na ultima hora. A platéia foi ao delírio. Na segunda parte do show eles pedem à platéia que sugiram frases e daí começa o show. A palavra sugerida foi “Buffalo”, então os últimos 20 minutos de comédia foram baseados nela.

Para finalizar a noite, jantamos em um restaurante marroquino, cujo dono é metade italiano e metade libanês. Que mistura! A comida estava bem temperada, muito saborosa. Dentre os vários aperitivos, havia umas cenouras cozidas. Nunca comi algo tão delicioso! Quem me dera ter esse talento de transformar algo tão sem graça em uma iguaria dos deuses!
Infelizmente tudo o que é bom dura pouco e já estamos de volta ao batente aguardando pelos próximos 5 dias de folga!


17 dezembro 2008

Neve...e silêncio


Se tem uma das coisas que mais gosto quando neva bastante é o som que a cidade produz. Vou explicar.

Não sei se é impressão minha, mas depois que pára de nevar e a cidade está todinha branca, eu acho que os sons urbanos ficam um poucos "abafados" e isso me traz uma sensação boa, de tranquilidade.

OK, vocês vão dizer que é porque as ruas ficam mais desertas e os carros andam em baixa velocidade, produzindo menos ruído. Pode até ser, mas vocês hão de concordar comigo que alguma coisa muda, não é mesmo?

Olhando para esta foto eu quase consigo ouvir o "som do silêncio" que estava na rua pela manhã:


Tudo deserto, sem passarinhos fazendo algazarra nas árvores, e nem os habituais cachorrinhos saíram para seus passeios matinais.


Da próxima vez que nevar bastante (parece que não vai demorar muito), tente reparar nos sons que você ouve na rua e me diga se você notou alguma diferença.

A minha explicação para este "fenômeno" é que talvez a neve "filtre" um pouco dos ruídos, tornando a cidade mais silenciosa. Quem entender desse assunto pode confirmar minha teoria ou dizer se estou realmente viajando nas idéias.

15 dezembro 2008

Irmã coruja? Eu?



Há algum tempo saímos no Entrevistando Expatriados e agora foi a vez da minha querida irmãzinha, que está no Japão há tanto tempo que eu nem me lembro mais quanto!

Se você não viu ainda, confira nossa entrevista aqui e a da minha irmã aqui. Ela conta muita coisa interessante sobre o Japão.


12 dezembro 2008

O outro lado da moeda II

Em março falei sobre o blog da Rachel, uma nova-yorkina que vive no Rio de Janeiro e conta suas impressões sobre a cidade, sobre o país e sobre nós, brasileiros. Lembro-me que na época eu falava sobre conhecer "o outro lado da moeda" e para mim continua sendo uma experiência muito interessante, principalmente agora que também posso analisar nosso povo e nosso país com olhos de quem está de fora, e olha que não é sempre que eu gosto do que vejo.

O outro lado da moeda tem uma nova cara: a de uma brasileira que cresceu nos Estados Unidos e está de volta ao Brasil.

Ler os dois blogs e comparar minhas experiências pessoais têm sido um exercício muito enriquecedor, pois consigo ter 3 pontos de vista diferentes sobre nossa cultura: o de um brasileiro (o meu mesmo), o de um estrangeiro (a Rachel) e de alguém que está no meio dos dois, que é metade brasileira/metade americana mas viveu tempo suficiente nos Estados Unidos para poder "redescobrir" o Brasil (a Polyana).

Adventures of a Gringa in Rio
e Disseram que Voltei Americanizada (ambos em Inglês) são links que não podem faltar no seu blogroll!


08 dezembro 2008

Esquiando pela primeira vez


Na ida, a neve dos dois lados da estrada é um espetáculo à parte.

Eu costumava sair para tirar fotos cada vez que nevava, mas neste ano ainda não foi possível, ou por falta de tempo ou por um frio de lascar como o de ontem.

Tentei sair com os cachorros para passear mas desistimos na primeira esquina. Até que nos 2 segundos sem vento não estava tão frio (-10C), mas quando batia aquela ventania a temperatura dobrava e a sensação era de -20C, aí não tem quem aguente!

Chegando perto do Blue Mountain já dá para ver as pistas de esqui.


No sábado tivemos sorte porque não estava ventando muito e pudemos aproveitar nossa estréia como esquiadores lá no Blue Mountain. No começo eu não estava nem um pouco animada porque dá um trabalhão danado para você alugar todo o equipamento e colocar aquelas botas, que são a parte mais difícil. Aliás, para tirá-las precisei da ajuda do Pedro porque meu pé ficou entalado!

Pegamos um pacote com aulas para o dia todo, e confesso que o começo é realmente massante, mas muito importante para quem quer se aventurar nesse esporte. Eu mal podia me conter, queria mais é subir lá no topo da montanha e me esborrachar, mas ainda não foi desta vez porque somos iniciantes e só ficamos na pista para alunos mesmo. No final eu já estava de saco cheio das aulas e fui uma aluna meio desobediente. Larguei o pessoal e desci a pista à toda velocidade. Que delícia! Só então pude provar o gostinho dos esquis e fiquei com vontade de mais! Não vejo a hora de esquiar de novo, mas agora de verdade, lá no alto.

Olha o Pedro descendo a "montanha":


Achei infinitamente mais fácil que patinar no gelo, pois escorrega menos e eu consigo ter mais domínio do que estou fazendo. Com os patins eu só consigo parar se algum obstáculo atravessar o meu caminho, tipo uma pessoa ou uma árvore, mas com esqui é muito fácil!

Uma vista do parque:



E agora visto do alto (foto tirada pelo Gustavo):


A volta até daria um post à parte porque foi nossa primeira experiência de dirigir na neve (e sem pneus de inverno!). Na estrada até que foi tranquilo, apesar de termos levado 3 horas para voltar por causa do trânsito. O bicho pegou quando chegamos perto de casa e as ruas ainda estavam cobertas pela neve. O Pedro foi fazer uma curva e o carro derrapou, depois pisou no freio para parar no semáforo vermelho, mas quem diz que o carro parou? Felizmente estávamos a uns 20 km/h e o carro que estava à nossa frente tinha uma distância considerável, senão teríamos dado uma batidinha de leve.

E por último, a hora de tirar a neve do pára-brisa do carro:


Deixamos nossos amigos em casa e eu resolvi voltar dirigindo para ver como era. Chegando na rampa da garagem, pisei no freio de uma vez e novamente aquela situação assustadora: o pedal do freio travou junto com as rodas e o carro desceu derrapando. Quando finalmente parou, eu pisei no pedal devagar e vi que desta forma não derrapava. Depois dessa experiência fiquei assustada!

04 dezembro 2008

Yes we can too!

Pois é. Eu sempre gostei de Política, e acho que sempre fui parlamentarista. Não pude votar naquele plebiscito no Brasil porque era muito novo (o voto para maiores de 16 só foi aprovado quando eu completei 18!), mas mesmo assim eu já o defendia. E posso até dizer que essa era uma característica que me atraía no Canadá. Acreditem ou não, eu gosto de assistir o Ontario Legislature e ver o chefe de governo tendo que se explicar na frente dos opositores quase todo dia. Portanto, considero-me um privilegiado por ter chegado aqui bem a tempo de poder acompanhar o parlamentarismo funcionando a todo vapor. Não apenas a eleição nacional, que ainda pude comparar com a dos Estados Unidos quase ao mesmo tempo, mas antes disso as provinciais e a escolha do lieutenant general (representante da Rainha na província). E agora essa reviravolta quase sem precedente, já que última vez que uma coisa dessas aconteceu em nível nacional foi há mais de 90 anos, e que envolve instituições perfeitamente legais mas raramente utilizadas.

E como não poderia deixar de ser, a Internet está em polvorosa com a novidade. Assim acho que não faria mal eu entrar na onda também, pelo menos para dar as minhas impressões como observador quase externo (já que ainda faltam dois anos para que eu possa me tornar cidadão).

No meu entender, alguns canadenses estão muito acostumados a acompanhar o sistema americano, e acabam se esquecendo das diferenças entre parlamentarismo e presidencialismo. E também da grande diferença que há entre o bipartidarismo americano e o nosso pluripartidarismo. Eles reclamam que "elegeram" o primeiro ministro, e que agora o outro, que "perdeu" a eleição, que roubar o lugar do vencedor. É claro que não é assim que funciona no parlamentarismo, e é claro que o partido conservador sabe disso muito bem, embora seja exatamente essa visão que ele esteja defendendo em público na sua desesperada tentativa de se segurar no poder. Ou seja, continuam jogando para a platéia, ao invés de tentar fazer Política, como deveriam. Desde que cheguei aqui vi esse governo forçando a aprovação de todas as suas decisões com a ameaça de convocar uma eleição, o que finalmente acabaram fazendo, dois anos antes do previsto, para tentar desestabilizar a oposição. Até conseguiram enfraquecer um pouco os liberais, mas não conseguiram a maioria absoluta, o que já era esperado. Mesmo assim, passaram a governar como se a sua vitória tivesse sido total e não precisassem de mais nenhum compromisso.

Ora, se a maioria dos eleitores não votou no governo, acredito que é porque queriam ver alguma mudança, embora não concordassem exatamente como ela deveria ser. O próprio governo poderia ter lido o recado das urnas e demonstrado alguma vontade de mudar, mas não o fez. Aproveitando-se da divisão existente na oposição, acharam-se com cacife suficiente para propor até reduções no financiamento dos partidos. Ironicamente isso pode ter sido o impulso que a oposição precisava para finalmente se unir (afinal, já estão quase todos à esquerda da situação), e parece que nem mesmo voltando atrás o governo consegue desfazer a coalizão, agora que ficou demonstrado que ela não é impossível. E aqui entra o pluripartidarismo, onde coalizões são possíveis, e até comuns, embora às vezes pareçam esquisitas, como as que tivemos nos Brasil nos últimos governos. Mas isso faz parte da Política no melhor sentido da palavra. Não existe o "Bem" e o "Mal", mas vários interesses, conceitos e idéias diferentes, representadas pelos partidos que, como o nome diz, representam as diversas partes da sociedade. E esses interesses e idéias nem sempre são conflitantes, tornando alguns acordos possíveis.

É claro que, no eventual governo de coalizão, os liberais não poderão fazer tudo o que fariam se tivessem conseguido a maioria sozinhos. E os neodemocratas também não vão conseguir tudo o que queriam. Mas eles acreditam que se fizerem apenas aquilo em que concordam, já será melhor, na visão deles, do que aquilo que os conservadores estão fazendo (ou deixando de fazer). E o dinamismo do sistema, exatamente o que estamos testemunhando agora, garante que assim que um dos membros da coalizão sair dos trilhos acertados, o sistema poderá se readaptar mais uma vez.

A retórica dos conservadores parece enxergar apenas os liberais como seus opositores, que estariam tentando usurpar o poder só para eles valendo-se de um "artifício". Dessa forma, os outros partidos deixam de ser representantes dos eleitores que votaram neles e passam a ser apenas um instrumento, um empecilho que só serve para confundir a velha luta dos mocinhos contra os bandidos. Isso é particularmente perceptível quando se referem ao bloco Quebecois como "meros separatistas" e "anticanadenses". Mas se eles estão lá é porque representam o sentimento de alguns eleitores. Querer que eles sejam simplesmente excluídos do Parlamento significa alienar esses eleitores, ou seja, separá-los da comunidade política canadense. Isso me lembra uma frase que ouvi num episódio de South Park: "Vamos evitar que esses lunáticos se suicidem, nem que para isso tenhamos que matá-los!".

Mas essa história toda ainda não acabou, e o parlamentarismo continua em movimento, para ambos os lados. O governo de coalizão já poderia ter começado, mas o primeiro ministro usou de suas prerrogativas para adiar a votação para a segunda-feira. E agora entra em cena a outra figura do parlamentarismo: o chefe de estado, a saber, a Rainha da Inglaterra. Mais especificamente aqui no Canadá, uma representante aprovada por ela, a governadora geral Michaëlle Jean. Alguns brasileiros talvez se lembrem que ela esteve visitando o nosso país no ano passado. Quando o primeiro ministro perder o voto de confiança do parlamento, ela deve aceitar a proposta da coalizão ou convocar novas eleições. Mas antes disso, o primeiro ministro ainda vai pedir que ela "suspenda" o parlamento. Teoricamente ela poderia até fechar o parlamento, mas a "suspensão" seria apenas um recesso para recomeçar tudo de novo apenas em Janeiro, dando tempo aos conservadores para elaborarem alguma estratégia. Parece que essa suspensão nunca foi solicitada, mas acredita-se que ela poderá ser concedida. Depois disso, o primeiro ministro, se notar que mesmo em Janeiro não poderá se sustentar, ainda poderia solicitar a ela uma nova eleição. Mas isso já é mais improvável que ela conceda, porque a última eleição foi há pouco mais de um mês apenas, e custou uns $300 milhões!

Dessa forma, o futuro imediato do governo será decidido por uma representante da monarquia, não eleita pelo povo. Alguns acham isso pouco democrático, mas vale lembrar que ela não decide isso sozinha: tem uma equipe de especialistas em direito constitucional para auxiliá-la nas decisões (algo como o governo de especialistas que tantos brasileiros defendiam).

Com tantas convulsões e reviravoltas, eu não sei o que vai dar, muito menos quando. Sou mais simpático à coalizão, entre outras coisas porque todas essas mudanças na imigração foram instituídas pelos conservadores. Também porque o partido conservador não me pareceu muito preocupado em fazer Política propriamente dita. Mas eles estão lançando mão de todos os instrumentos disponíveis para esvaziar o movimento, e pode ser que consigam.

Agora, independentemente do resultado, que é muito bonito acompanhar de camarote todo esse sistema em funcionamento, isso é. E além disso, como já vi em alguns comentários na Web, é interessante observar essa virada para a esquerda logo depois da eleição de Barack Obama ao sul da fronteira. Será que os "ventos da América do Sul", como disse Hugo Chávez, lograram alcançar até o "Verdadeiro Norte"?

02 dezembro 2008

Uma luz no fim do túnel


Os imigrantes - na verdade não somente eles - ficaram isatisfeitos com a vitória do partido Conservador nas eleições canadenses, e quando todos achavam que tudo estava perdido (principalmente por causa da maledeta lista das 38 profissões de alta demanda da qual falei no post anterior) eis que ocorre uma reviravolta e o Partido Liberal ganha destaque na cena política.
Para saber sobre essa confusão sugiro que você leia o post da Alexandra, que inclui links para o assunto.

Claro que a novidade despertou a pulguinha na minha orelha, e a pergunta que não quer calar é: “haverá novas (boas) mudanças nas regras de imigração?”
Será que essa “lista das 38” vai vingar, ou vão descobrir um jeito mais justo e eficaz de trazer imigrantes qualificados?

Olha, essa lista daria um post à parte porque ela mais confunde do que esclarece. Como que um pedreiro ou um encanador pode ser um skilled worker...no Brasil? Como que ele vai conseguir a pontuação necessária para passar no processo? E este é só um dos poucos casos não esclarecidos.
O Pedro acha que o Canadá não está com foco nos pedreiros brasileiros, mas nos indianos que já possuem Inglês em seu sistema de ensino. Eu realmente não sei se é isso, e sinceramente, não me informei se para ser pedreiro na India precisa de curso superior.

O que sei é que achei essa lista absurda e uma tremenda falta de respeito e consideração com que aplicou depois de 27 de fevereiro. Na época da aplicação as regras ainda não haviam mudado, portanto, acho que eles deveriam fornecer o visto a estas pessoas...ou então deveriam ter parado de aceitar novas aplicações até que as novas regras fosses estabelecidas. Mudar tudo no último minuto do segundo tempo é sacanagem!