Em fevereiro fará 6 meses que chegamos a Toronto; parece pouco tempo mas para mim parecem 6 anos.
Sempre me lembro daquela confusão de sentimentos dentro do avião, durante o pouso e finalmente quando cheguei ao hotel e pude tomar um bom e merecido banho. Aí a ficha caiu.
Durante o vôo eu pensava em todas as oportunidades que estavam por vir, o recomeçar... e na carinha dos meus pais enquanto eu ia para a fila de embarque. Até hoje me emociono quando lembro disso.
Enchi a banheira e chorei, chorei muito, mas não era de arrependimento, era de medo. Eu ficava repetindo mentalmente: "PQP, o que foi que eu fiz?", e não sabia se eu fôra louca ou corajosa demais para deixar tudo para trás. Tudo o que eu queria era o colo da minha mãe, alguém que tomasse conta de mim porque eu me sentia completamente abandonada num mundo desconhecido, e tenho a impressão de que o Pedro também se sentiu assim porque de vez em quando eu via os olhinhos dele brilharem como se quisessem chorar.
Sempre tive receio das coisas definitivas, irreversíveis e imigrar para mim era (e ainda é) irreversível.
Mesmo com uma baita saudade da família e dos amigos tenho (na verdade temos) certeza de que esta foi uma decisão mais do que certa.
Algumas horas depois a fome bateu e resolvemos sair para procurar um local para comer. Também me lembro do que senti naquela hora, todo o meu medo se dissipara e eu olhava admirada e incrédula para a cidade que me acolheria. Naquela hora eu pensava: "Por que perdi tanto tempo dentro do hotel morrendo de medo de colocar a cabeça para fora?".
Fiquei apaixonada por Toronto no momento em que pisei na calçada pela primeira vez. Nosso hotel ficava em uma rua calma e arborizada, bem perto da Yonge Street.
No dia seguinte, uma segunda-feira, começaríamos o primeiro dia do resto de nossas vidas. Sim, foi isso que pensei ao imigrar: recomeçar.
Quantas pessoas gostariam de ter uma segunda oportunidade na vida? Nós tivemos, e todos vocês que também imigraram sabem que esse recomeçar não é tão fácil quanto parece.
A Dani vivia me falando sobre como eu ia sentir falta da minha família e eu não dava muita importância porque já morava longe da família mesmo, pra mim não era novidade. Mas como eu estava enganada! Nunca senti tanta falta dos meus pais como sinto agora. Às vezes tenho vontade de dar um pulinho ali no Brasil e voltar rapidinho, como quem vai na casa do vizinho pegar emprestada uma xícara de açúcar.
Não temos vontade de voltar, não definitivamente, mas tem hora que a saudade dói e por mais que você tenha conhecidos por aqui eles ainda não são seus amigos e a solidão também faz parte do pacote de imigração. Todo mundo fala das coisas boas, mas poucos têm coragem para admitir a saudade, a solidão, o medo, as dificuldades. Acho que a Lu fez um ótimo post sobre o "outro lado da moeda".
Hoje ainda temos sorte de ter a tecnologia a nosso favor que nos possibilita ficar um pouquinho mais "perto" daqueles que amamos através do MSN, Skype e por aí vai. O Pedro e eu temos bisavós ou tataravós italianos e eu não posso deixar de pensar na coragem que eles tiveram para cruzar um oceano enorme e recomeçar tudo numa terra completamente estranha. Dizem que a vida é um ciclo, acho que o nosso acaba de ser completado ao seguirmos os mesmos passos de nossos antepassados.
Sempre me lembro daquela confusão de sentimentos dentro do avião, durante o pouso e finalmente quando cheguei ao hotel e pude tomar um bom e merecido banho. Aí a ficha caiu.
Durante o vôo eu pensava em todas as oportunidades que estavam por vir, o recomeçar... e na carinha dos meus pais enquanto eu ia para a fila de embarque. Até hoje me emociono quando lembro disso.
Enchi a banheira e chorei, chorei muito, mas não era de arrependimento, era de medo. Eu ficava repetindo mentalmente: "PQP, o que foi que eu fiz?", e não sabia se eu fôra louca ou corajosa demais para deixar tudo para trás. Tudo o que eu queria era o colo da minha mãe, alguém que tomasse conta de mim porque eu me sentia completamente abandonada num mundo desconhecido, e tenho a impressão de que o Pedro também se sentiu assim porque de vez em quando eu via os olhinhos dele brilharem como se quisessem chorar.
Sempre tive receio das coisas definitivas, irreversíveis e imigrar para mim era (e ainda é) irreversível.
Mesmo com uma baita saudade da família e dos amigos tenho (na verdade temos) certeza de que esta foi uma decisão mais do que certa.
Algumas horas depois a fome bateu e resolvemos sair para procurar um local para comer. Também me lembro do que senti naquela hora, todo o meu medo se dissipara e eu olhava admirada e incrédula para a cidade que me acolheria. Naquela hora eu pensava: "Por que perdi tanto tempo dentro do hotel morrendo de medo de colocar a cabeça para fora?".
Fiquei apaixonada por Toronto no momento em que pisei na calçada pela primeira vez. Nosso hotel ficava em uma rua calma e arborizada, bem perto da Yonge Street.
No dia seguinte, uma segunda-feira, começaríamos o primeiro dia do resto de nossas vidas. Sim, foi isso que pensei ao imigrar: recomeçar.
Quantas pessoas gostariam de ter uma segunda oportunidade na vida? Nós tivemos, e todos vocês que também imigraram sabem que esse recomeçar não é tão fácil quanto parece.
A Dani vivia me falando sobre como eu ia sentir falta da minha família e eu não dava muita importância porque já morava longe da família mesmo, pra mim não era novidade. Mas como eu estava enganada! Nunca senti tanta falta dos meus pais como sinto agora. Às vezes tenho vontade de dar um pulinho ali no Brasil e voltar rapidinho, como quem vai na casa do vizinho pegar emprestada uma xícara de açúcar.
Não temos vontade de voltar, não definitivamente, mas tem hora que a saudade dói e por mais que você tenha conhecidos por aqui eles ainda não são seus amigos e a solidão também faz parte do pacote de imigração. Todo mundo fala das coisas boas, mas poucos têm coragem para admitir a saudade, a solidão, o medo, as dificuldades. Acho que a Lu fez um ótimo post sobre o "outro lado da moeda".
Hoje ainda temos sorte de ter a tecnologia a nosso favor que nos possibilita ficar um pouquinho mais "perto" daqueles que amamos através do MSN, Skype e por aí vai. O Pedro e eu temos bisavós ou tataravós italianos e eu não posso deixar de pensar na coragem que eles tiveram para cruzar um oceano enorme e recomeçar tudo numa terra completamente estranha. Dizem que a vida é um ciclo, acho que o nosso acaba de ser completado ao seguirmos os mesmos passos de nossos antepassados.
5 comentários:
É... não é fácil mesmo não... mas uma experiência extremamente enriquecedora. As vezes eu também imagino como era para os nossos antepassados que largaram família e amigos sabendo que muito provavelmente nunca mais os veriam... Nós ao menos sabemos que podemos falar com eles a toda hora, conversar por video pela internet, e por mais caro que seja, eles estão a somente algumas horas de avião...
Mas se vc se adaptou bem ao inverno, o resto é tranquilo...
Bjo
Acho que esse post ficou muito importante também para quem pretende, pensa e planeja imigrar :D
Um abraço,
Victor.
Nossa, parece que foi ontem que vc comentava no Era de lá do Brasil! Sim, os primeiros meses te dão o peso de vários anos tamanha a intensidade emocional da experiência. Enriquecedora? Sem dúvida! Pesada? Muito! Confusão de sentimentos? Sempre! Ah, e não pense que muda muito com o passar do tempo não,eu estou indo para um ano e 4 meses e, apesar de aos poucos tudo ir melhorando - se comparado aos primeiros 6 meses- ainda enfrento muita dureza pelo meio do caminho. Acho que uma vez imigrantes sempre teremos conosco este tipo de sentimento que vc descreveu aí, isso significa que vc é normal.
Ah, o fato de poucas pessoas escreverem sobre isso definitivamente não significa que elas não sentiram exatamente o mesmo, elas só não expressam através da escrita mas tenha certeza que todos nós passamos e ainda vamos passar por muitos momentos incertos, duros e emocionalmente pesados e ainda assim chegamos à conclusão que vc já chegou de que não nos arrependemos de ter feito.
Quão mágica é esta experiência de imigrar que nem todos tem o peito de encarar?
Saiba que vc já é uma vencedora só pelo fato de estar aqui encarando tudo isso que está incluído no pacote (e que não é nada fácil não) imigração e que nunca (por melhor domínio que tenhamos das palavras) conseguiremos transmitir o grau de profundidade para aquele que não vive a mesma experiência!Daí a mágica do mistério da imigração, se vc quer fazer,precisa ter a experiência por vc mesmo!
Respira fundo, segue em frente que daqui a pouco vc está celebrando o seu primeiro ano e vai olhar para trás e ver o quanto conseguiu.!
*PS - desculpe pelo comentário livro!
bjs
Oi...
Eu acho que as pessoas não falam mto das coisas nem tão boas que acontecem por aqui, pq as boas acontecem em quantidade tão superior e são tão mais agradáveis que não dá para perder tempo falando de experiências ruins..Vamos nos apegar nas boas experiências e bola prá frente. Reclamar não vai mudar nada, o jeito é se mexer e procurar sempre mudas as coisas para uma maneira melhor.
E outra vc atrai aquilo que vc fala e acredita, sai fora baixo astral hehehe.. :)
Muito bonito o que vc escreveu, fico imaginando que uma coisa e eu imaginar como vai ser longe de casa, mas com os pes fincados aqui e outra ~e a pratica do dia-a-dia. Mas para esse momentos vou tentar lembrar dos motivos que fizeram tomar essa decisao de sair do pais onde nasci...Tenho certeza que isso vai me ajudar.....
abracos
Tais Jacques
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