12 fevereiro 2008

Você tem Crédito? - Parte II: vida de imigrante

Claro que ainda estou indignada com o fato de não termos nosso crédito aprovado por conta dos vizinhos caloteiros. O assunto acabou surgindo lá no trabalho e outras histórias de imigrantes apareceram.

Uma das technical writers que trabalha comigo nasceu no Irã e veio para o Canadá com 18 anos. Hoje, aos 35 (quase 20 anos depois) ela enfrenta alguns probleminhas por conta do sobrenome persa, mesmo pronunciando Inglês como um nativo.

Segundo ela, se você tem um sobrenome que remete à sua etnia (Souza, por exemplo) as coisas sempre serão um pouquinho mais difíceis do que para um "Smith".

Ela trabalhou por 1 ano nos EUA no ano passado e nada mais natural do que parcelar mercadorias de um valor considerável, então lá foi ela na Best Buy americana tentar financiar uma TV de plasma no cartão de crédito. Negado! Apesar de EUA e Canadá partilharem muitas coisas, o histórico de crédito é com certeza algo que não faz parte da lista.

Por causa do sobrenome ela teve problema no Banco. Quando retornou a Toronto quis encerrar a conta americana e transferir o dinheiro para um banco canadense, algo em torno de $26 mil.
A primeira gerente com quem ela falou disse que não faria a operação porque ninguém poderia garantir que ela não estava fazendo lavagem de dinheiro para levar para o Irã.
Baiana rodada, lá vai ela falar com a segunda gerente, mas desta vez ela queria transferir também o dinheiro da conta da irmã, o que dobraria o valor em questão.

Ao ver o novo valor a nova gerente foi toda sorrisos, desculpou-se pela atitude da gerente anterior e explicou que ela estava apenas seguindo o procedimento padrão de segurança anti-terrorista porque depois do atentado de 11 de setembro de 2001 houve uma grande remessa de dinheiro lavado para o Irã. Não me perguntem por quê!

Se ela não fosse persa bastaria apresentar a Driver's Licence para realizar a operação, mas ainda pediram o passaporte e o cartão de cidadania canadense dela. Essa foi só uma das várias situações pelas quais ela passou por conta do sobrenome.

Nos cursos que fizemos (tipo NOW, Job Start, Skills for Change) conhecemos pessoas do Irã e do Afeganistão que estavam no país há mais de 1 ano sem trabalhar. Dois iranianos se recusavam a colocar a localidade das empresas em que trabalharam em seu país de origem porque quando o empregador via que elas estavam localizadas no Irã a oportunidade de emprego simplesmente ia por água abaixo. Eles inclusive fizeram um teste ocultando informações para serem chamados para entrevistas mas percebiam que o fato de serem persas impossibilitava as coisas.

A outra pessoa que trabalha comigo já passou dos 40, é filha de mãe canadense e pai americano. Nasceu no Canadá mas passou a maior parte da vida nos EUA. Quando retonou a Toronto também teve que construir um histórico de crédito porque o fato de ter nascido aqui não garantia nada.

Este é um país muito bom e teoricamente de oportunidades iguais para todos mas, como tudo na vida, é preciso seguir algumas regras básicas. Portanto, cuide bem do seu histórico de crédito pagando as contas em dia, não gaste muito no cartão de crédito e nem tenha vários cartões e não esqueça de acertar as contas com o Leão.
(Ah, e procure uma vizinhança menos caloteira! rsrsrs)

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8 comentários:

Leticia W disse...

imagino que no Canada deve rolar menos preconceito(por causa das leis), mas não deve existir um país do mundo onde essa maldade não exista mesmo.
eu post me fez pensar nas dificuldades que as pessoas dos países no Oriente Médio devem estar enfrentando depois do 11 de setembro...

Carol, Ênio e Leila disse...

Complicado, mesmo fazendo tudo certo a gente ainda pode estar a mercê da boa vontade dos outros. O 11 de setembro realmente piorou a vida do povo do Oriente Médio, mas o preconceito contra eles já existia e sempre foi pesado. Uma pena.

Carol

Dani e Rafa disse...

Eu acho bem curioso este critério de crédito que aplicaram a vcs. Até onde sabemos (e o Rafa trabaha para uma instituiçào financeira) o crédito é formado por Nome Completo + Endereço. Por isso é que pedem para que não fiquemos dando/emprestando endereços para o mundo inteiro. Mesmo se seu vizinho fosse caloteiro, vcs não deveria estar passando por isso pq a combinação nome+endereço não seria a mesma.

Anônimo disse...

ser muçulmano ou do oriente médio é bem complicado hoje em dia. ås vezes nem precisa ser um dos dois; uma amiga da India sofreu um bocado nos EUA depois do 11 de setembro pq achavam que ela era árabe...

quanto a nome étnico, eu acho que a coisa no Canada não é tão sistêmica pois vejo muitas pessoas com nomes bem étnicos em altas posições. acredito que deva acontecer isoladamente e que muitas vezes nem é a origem e sim a falta de experiencia canadense que conta contra o imigrante na hora de procurar emprego.

eu ganhei todas as mnhas bolsas - umas delas é a bolsa mais concorrida do Canada - com o sobrenome Oliveira. Mas o mundo acadêmico é mais internacionalizado mesmo...

Anônimo disse...

Estao confundindo um pouco as coisas...talvez a Fido tenha alguma outra forma de verificar a procedencia do cliente ALEM de consultar o credit score. O credito aqui no Canada nao leva em consideracao a regiao em que mora, muito menos se seu vizinho eh caloteiro. Para elaboracao do credit existe uma composicao de informacoes que pode ver no proprio site que passou e verah que nao existe 'regiao' ou 'vizinho legal'.

Abracos,
Chris

Anônimo disse...

Quanto a questão da Fido, talvez dependa também de quem te atende na loja e da pessoa que verifica o teu histórico no outro lado da linha. Na minha segunda semana de Canadá, ainda sem emprego e referencias fui na Telus e pediram um depósito de $1000.00 por aparelho (meu e da minha esposa). No mesmo shopping fui na Fido e peguei um aparelho muito mais moderno e só pediram um depósito de $25.00 por aparelho.

Anônimo disse...

A única besteira que fiz foi assinar o contrato de 3 anos, seria muito melhor ter pago pelo aparelho. Pouco depois me mudei para o Northern Ontario e como aqui não tem Fido, fiquei preso no contrato. Mas mesmo assim eles até que foram legais, liguei explicando e me deram 1000 minutos por mês de interurbano de graça e quando completar um ano posso mudar para Rogers, que é a dona da Fido e pega aqui.

Taís Jacques disse...

É muito bom acomoanhar teu blog mesmo, vc dá uma dicas muito boas!! Quem diria que seu crédito depende dos vizinhos que vc tem!!! Nunca vi isso e nunca imaginaria.

Achava que aí era que nem nos EUA quanto mais vc gasta no cartão de crédito e quanto mais cartões vc tem, mais crédito ele te dão.......enfim vivendo e aprendendo...

abraços

Taís Jacques