30 março 2009

Polêmica sobre cidadania X idioma

.
Há alguns dias recebi um link que causou uma certa polêmica, já que nele o o Ministro da Cidadania, Imigração e Multiculturaliasmo, Jason Kenney, disse que a cidadania canadense deveria ser negada àqueles que não soubessem falar fluentemente umas das duas línguas oficiais do Canadá.

Olivia Chow, Toronto Member of Parliament, rebateu dizendo que se pessoas que não são fluentes em Inglês ou Francês não podem ser cidadãs, então ela vê um grande problema nisso, já que a própria mãe dela que está no Canadá há 15 anos e é cidadã canadense há 12, não é fluente em Inglês.

Esta é uma matéria que vale a pena ser lida na íntegra, por isso vou transcrevê-la aqui.

E você, o que acha das posições do ministro e da MP?


Should be language test for citizenship: Minister
Bill Graveland - THE CANADIAN PRESS
Mar 20, 2009

CALGARY–Immigrants who can't speak English or French well enough should be denied citizenship, says a federal politician.

Canada needs to improve its efforts to integrate newcomers, Jason Kenney, minister of citizenship, immigration and multiculturalism, said Friday.

"I believe one area that we can ask immigrants in the country to make a greater effort (in) is that of language," Kenney said in a speech to an immigration conference in Calgary.

"Last January I was in Delhi and sat in on a few immigration interviews. I encountered one woman who has lived in Canada for 15 years and been a Canadian citizen for nearly 12 years," he said.

"This woman was sponsoring a spouse to come to Canada but she could not conduct the interview with an official in either of our official languages. It made me wonder – is this an isolated example? Regrettably I don't think it's isolated enough."

Kenney later told reporters that immigration needs an overhaul and a key effort must be to ensure that immigrants and those who want to become new Canadians speak a competent level of French or English.

He said the requirement is already there but isn't being enforced strictly enough.

"In terms of the citizenship, if you can't complete the test in one of those two languages, you're not supposed to become a citizen, which I don't think is harsh," he said.

"It's just basically saying go back and study more and come back to us when you can get by in one of those languages."

Kenney worries that granting citizenship without guaranteeing language skills puts a new Canadian at an economic and social disadvantage.

And he wants to know how some people who can't speak either of Canada's official languages got through the system.

"All I can say is if someone can't conduct an immigration interview in English or French they don't have basic competences.

"I have citizenship judges tell me that frequently people are given a pass even though they don't have that ability."

The NDP immigration critic, Toronto MP Olivia Chow, said language is important, but it shouldn't be the only criterion.

"If the government is saying if you're not fluent in English or French then you can't be citizens, I have a real problem with that," said Chow, who sat in on Kenney's speech.

"My mother's not very fluent in English but she makes a very good citizen. She's been in Canada since 1970 but she had to work in a hotel for many years to raise her family, even though she was a school teacher," Chow said. "Is it her fault her English isn't fluent? No. Does she make a good citizen? Yes, I think so."

Chow argues there should be subsidies available for immigrants so they can attend languages classes but not have to worry about missing work so they can feed their families.

A conference organizer chose her words carefully when reacting to Kenney's speech.

"I think it probably raised a few eyebrows," said Tracey Derwing, a professor of educational psychology at the University of Alberta. Her area of expertise is how people learn second languages.

"The (citizenship) test is a multiple-choice test so people are expected to get 12 out of 20 questions right. And if they're not able to do it, then they're interviewed by a judge and asked the questions orally," she said.

"I don't think it's really possible in every instance for people to gain the language skills they need before coming from overseas.

"But the test doesn't really assess what it takes to be a good citizen and a lot of people born in Canada could write that test and not do a very good job."

Kenney also said he wants to find ways of recognizing an immigrant's credentials in a more timely fashion.

He gave as an example the case of a Syrian obstetrician who has delivered "hundreds of babies," but who has been working as a chambermaid for the last five years.
.

13 comentários:

Lucianna disse...

Eu acho que ele esta completamente certo..... A pessoa mora no Canada ha pelo menos 3 anos e nao consegue o minimo de comunicacao em ingles ou frances?
Isso eh uma coisa que me irrita mesmo....

Concordo com ele e assino em baixo

bjks

Anônimo disse...

Pois eu sou completamente contra o posicionamento do ministro, que nada mais é do que a posição anti-imigrante do nosso governo conservador mal-disfarçada. Eu acho que o governo tem que fazer de tudo pra oferecer a oportunidade a todos de aprender um dos idiomas oficiais, incluindo dar uma bolsa de estudos como se faz no Quebec para que a pessoa possa realmente fazer um curso. Mas daí a negar a cidadania a quem não aprendeu é um pulo muito grande. E depois tem fluência e tem a capacidade de comunicação básica. Quem decide o que precisa pra obter a cidadania? Os imigrantes já fazem prova de inglês pra imigrar - vão ter que fazer outra?

Quem não consegue ao menos se comunicar só fere a si mesmo pois se impede o acesso e o socorro da sociedade onde vive. Muitas pessoas nessa posição são pessoas como a mãe da Olivia Chow, mulheres dependentes do marido que talvez não tenham tido a oportunidade ou a capacidade de aprender. Eu tenho certeza que se meus pais imigrassem pro Canadá, minha mãe, que odeia inglês, acabaria deixando meu pai se ocupar da comunicação e aprenderia muito porcamente o básico. E será que por causa disso ela não poderia ser cidadã? Eu acho que não.

Há inúmeros motivos para uma pessoa não ser fluente no idioma mesmo morando num lugar há 15 anos. Pra mim não é importante que o imigrante fale o idioma. O importante é que os filhos dele tenham essa oportunidade. A mãe da Chow não fala inglês mas olha só o quanto a filha dela trabalha pelo Canada.

E mais uma vez o governo cria problemas onde ele não existe. A grande maioria dos imigrantes fala ao menos um dos idiomas oficiais.

Cada um de nós descende de um imigrante. Nem todos eram imigrantes portugueses e eu garanto que muitos daquela primeira geração de italianos, alemães, libaneses, japoneses, que chegaram ao Brasil nunca se tornaram fluentes em Portugues. Nem por isso as gerações seguintes deixaram de se adaptar e o Brasil deixou de falar portugues...

Alexandra

Anônimo disse...

Acabei de ler o que a Olivia Chow falou e ela está certa - o governo tem que dar uma bolsa para que as pessoas possam fazer o curso. Negar cidadania só vai criar injustiças...

Eu vejo a família dona da Casa Açoreana (Louie's Cafe) em Kensington. Eles provavelmente estão aqui no Canadá há mais de 40 anos. A mãe do Ozzie sempre trabalhou igual uma condenada fazendo limpeza durante o dia e varando noite depenando frango pra loja que eles tinham na epoca no mercado. A família inteira é honesta e super trabalhadora. Aos sábados os netos adolescentes trabalham na venda junto aos pais. Os pais e os netos são todos fluentes (os netos são nativos) e todos contribuem para a sociedade. Será que seria justo negar cidadania a uma senhora que tava ocupada demais trabalhando dia e noite e criando 4 filhos pra poder se dedicar a aprender o idioma? Ela sabe o suficiente pra exercer os seus direitos..

* Serena * disse...

Eu concordo com o que ele diz sim. Hoje, com a procura muito maior que a oferta, as pessoas deveriam realmente saber um dos dois idiomas. Há uma, duas décadas atrás, as coisas eram diferentes, porque as pessoas não tinham a oportunidade que têm hoje (internet, escolas a preços acessíveis e etc). E uma pessoa que não sabe se comunicar (e não tá disposta a tal) fatalmente vai acabar montando ghetos entre os iguais e fica igual os chineses da 25 de Março, que só sabem falar valores e ficam conversando em chinês o tempo inteiro. Acho que nem é questão de barrar o imigrante (porque se o Canadá não quisesse mais, fechava todos os processos de imigração e ponto), mas de tornar mais criterioso.

Abçs,


Dani

Ma disse...

Concordo com o ministro... acho que para solicitar a cidadania a pessoa tem que estar muito bem adaptada, fazer parte da cultura e acima de tudo se sentir canadense... é claro que o inglês não precisa ser impecável, dificilmente um estrangeiro fala sem sotaque, mas a boa comunicação e compreensão é fundamental... basta se esforçar um pouquinho, né? convenhamos!

abraços

Eliane disse...

Oi Jeanne, a semana passada discutimos essa medida polêmica na escola. Eu acho o seguinte a medida é correta apartir do momento em que a sociedade discute a inclusão das pessoas no meio em que ela está inserida, se veio para cá a muitos anos atrás e não conseguiu aprender o idioma e outra coisa. Mas a partir de agora essa medida é válida, compreendo as dificuldades de cada um, mas um pouco de esforço não faz mal para ninguém. Isso evita a formação de guetos e a pulverização do Estado ou seja haverá mais integração. Conheço alguns refugiados que já estão aqui a bastante tempo e mal falam a língua, o sonho deles é pegar a cidadania e trabalhar nos países árabes, porque lá vão ser reconhecidos como canadenses e vão ganhar mais.
Grande beijo , Eliane.

Anônimo disse...

Se o medo é a formação de guetos, essa medida não faz nada para evitar que estes sejam formados. A única diferença é que as pessoas morando em guetos não serão cidadãos, serão somente residentes permanentes... Impedir o acesso à cidadania só tornará a pessoa mais isolada e menos integrada...

Unknown disse...

Eu concordo um pouco de cada lado.... acho que quem já tem, quem já não aprendeu é passado. Acredito sim, que as pessoas tem que dominar a língua do local onde moram. Nunca vou esquecer de uma reportagem de uma brasileira, economista que trabalhava de faxineira no Canadá... ela disse que preferia trabalhar de faxineira pq ganhava mais por hora.... acho que não querer aprender a língua(e para isso não é só estudando, mas sim fazendo parte da cultura, tendo amigos locais, tv, cultura) o grande problemas das pessoas que nunca aprenderam é que não se integraram a cultura....
meu avô tem 96 anos, veio para o brasil num navio de carga italiano... ele fala português muito bem, mesmo só tendo feito o "grupo escolar " (que corresponderia o primário hoje em dia.... mas ele se integrou, leu muito.... QUERER É PODER...

Anônimo disse...

Concordo com ele, a pessoa tem em torno de 3 anos para aprender e não consegue nem um mínimo de comunicação isso chega a ser irritante, mesmo porque ele não proibi a entrada de imigrantes, só pede que eles aprendam e saibam o idioma para se tornam um cidadão canadense e também para ser um cidadão tem que estar inserido na cultura do pais e o idioma faz parte da cultura do pais!

César, Valéria, Lara e Anaclara disse...

Eu concordo que 3 anos é tempo mais que suficiente pra você falar inglês ou francês bem. Somente acho que o governo deveria criar condições para que pessoas que tenham dificuldade possam reverter o quadro.

E a vida segue...

Cláudio disse...

Também concordo com a medida. Acho que o Canadá já abre mão demais de sua própria cultura em prol da "igualdade" e do respeito às diferenças.
O que define um canadense? Só o fato de passar 3 anos morando no Canadá é suficiente? Se você não tem nada a ver com a cultura canadense, se isola e não é capaz sequer de se comunicar num dos idiomas oficiais... acho correto não poder ser declarado cidadão.
Se tem o interesse em se integrar, há de se fazer um mínimo esforço para isso. Quando não existem bolsas, como no Québec, ao menos o curso de idiomas é grátis e aberto a todos os residentes permanentes.

Patricia disse...

Vou ter que discordar de praticamente a maioria aqui..

Quem decide o que é fluente?? Sinto dizer, mas imigrantes nunca vão ser 100% fluentes, não importa quanto tempo possam morar aqui. E cometer erros mesmo canadenses (da gema como costumam dizer) cometem.

Moro com uma família q vem do Egito e da Itália. Os avós chegaram aqui aos 20 anos e moram aqui a uns 40 agora. Todos falam inglês, não é perfeito, mas é mto melhor q de imigrantes brasileiros que eu já ouvi. Todos são cidadãos e formaram família e todos na família são fluentes nas 2 linguas, tem educação e cresceram na vida. O nonno até hoje vê tv com legenda..

Acho que quanto mais poder se dá ao governo, mais poder se dá para abuso de poder. Quem decide o que é fluente?

Claro q alguém q não consegue se comunicar não iria passar no teste de cidadania mesmo. São tantas as avós que vejo praticando tai chi que não falam nada.. mas acho q a família delas tem o direito de as terem por perto.

Minha vó vive brincando q vai vir pra cá. Vc acha que ela falaria inglês? Claro q não..

O governo tem que decidir o que é ser canadense, e fazer com que os imigrantes queiram fazer parte da sociedade e se esforçarem.

Só lembre-se que nós já usamos o alfabeto normal. Imagina vc ter que aprender o nosso alfabeto pra depois ter que aprender o inglês/francês??

As pessoas que não sabem se comunicar não me fazem mal algum. Se o problema é atendimento de call center, ou em alguns lugares onde fica dificil o entendimento é bom lembrar q aqui todos nós ( q não aprendemos inglês quando crianças) temos um sotaque. E que do mesmo modo como não entendemos alguém, algumas pessoas também não vão nos entender..

Polyana disse...

como a Chow disse na matéria - fluência na língua não deveria determinar o que é um bom cidadão de um país. o caso da mãe dela é o mesmo do da minha. os meus pais moram nos estados unidos há 20 anos e a minha mãe até hoje não fala inglês bem. foi por preguiça de estudar? não. foi por falta de oportunidade de convivência com americanos? sim e não. ela sempre trabalhou com portuguesas e brasileiras e a maioria das amizades dela são brasileiras. ela hoje consegue conversar com as clientes dela americanas.

e outra - tem gente que tem que trabalhar, rala pra caramba pra sustentar uma família num país que não é seu - quem fala que acha um desacato uma pessoa não falar uma língua depois de poucos anos morando no país ou nunca morou fora do seu país ou teve oportunidades de estudar a língua no seu país e depois na sua vivência fora. acho uma ignorância pura por parte dessas pessoas.

a minha mãe é uma boa cidadã americana? sim. ela paga os impostos dela direitinho, participa de reuniões alheias sobre regulamentos, contribui para a economia e sua comunidade, e tem um credit score melhor que muitooosss americanos.